O eclipse
solar total que ocorreu em 12 de maio de 1706 foi de grande interesse
para os geógrafos que confiavam em cálculos astronômicos para
produzir mapas terrestres, porque foi o primeiro a ser objeto de
mapas preditivos, tornando-se um ponto de referência para a
cartografia.
O eclipse teve
início no meio do Atlântico e terminou ao pôr do Sol na Sibéria,
Coreia e China. Pôde ser observado em toda a Europa, na Ásia,
incluindo a maior parte do Oriente Médio, em quase toda a Sibéria,
no norte e oeste da África, no nordeste da América do Norte e parte
do Atlântico. Uma porção muito pequena ocorreu no hemisfério sul,
quase inteiramente sobre o oceano. Na Europa, muitas estrelas puderam
ser observadas a olho nu, tais como Aldebarã e Capella, assim como
os planetas Vênus, Mercúrio e Saturno.
A porção umbral que chegava a 242 km, atravessando áreas que ficavam a noroeste da ilha cabo-verdiana de Santo Antão (então uma colônia portuguesa) no Atlântico, as Ilhas Canárias controladas pelos espanhóis, Marrocos, Espanha, França, Suíça, Polônia, São Petersburgo na Rússia, incluindo parte do norte russo como Samoieda e Iacutusque e até a Manchúria. O maior umbral ocorreu na área entre a Saxônia e a Baixa Silésia (Polônia) às 9h35 e durou mais de 4 minutos.
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O eclipse mostrou obscurecimento de até 50% em Burkina Faso, na Líbia, Ancara, capital da Turquia e em uma parte da Mongólia e, do outro lado, no noroeste das ilhas e na costa leste da Groenlândia. O obscurecimento foi de 75% em lugares como Noruega, Lapônia e Zemlya e do outro lado em torno de Bissau, Siracusa na Sicília e Bucareste. Os lugares que apresentavam 25% de obscurecimento do Sol incluíam o Reino do Benin, o Egito e a Babilônia no Iraque. As áreas que estavam na borda do eclipse incluíam Gabão, Darfur, Núbia, o norte da Península Arábica, Pérsia, o Império Arghan, Nepal, Assam e Yunnan controlado pela Manchúria.
O evento
causou grande comoção nas pessoas. Diz-se que em Genebra, o
Conselho interrompeu suas deliberações devido à escuridão causada
pelo eclipse, não sendo possível ler nem escrever. Em diversos
lugares as pessoas se prostravam no chão e rezavam, imaginando ser o
Juízo Final. Além disso, diversos animais apresentaram mudanças no
comportamento sensíveis às mudanças do céu. Morcegos voavam,
galinhas e pombos voltavam para seus ninhos, aves de gaiola ficaram
silenciosas e animais que trabalhavam nos campos se aquietaram.
Este eclipse
ocorreu durante a Guerra de Sucessão Espanhola, atravessando os
territórios da Espanha, França e norte da Itália e foi visto na
época como uma metáfora e um sinal premonitório do declínio do
Rei Luis XIV da França, conhecido como Rei Sol, sendo ocultado pela
Grande Aliança.
Esse evento
astronômico fez parte do Ciclo de Saros 133é um fenômeno
astronômico e foi observado pelos babilônios a milhares de anos e
possui um período de 223 meses sinódicos, ou seja, 6.585,321 dias,
ou ainda 18 anos, 10, 11 ou 12 dias (dependendo de quantos anos
bissextos ocorrerem) e 8 horas. Um mês sinódico é o intervalo de
tempo médio entre duas fases iguais consecutivas da Lua, com duração
de aproximadamente 29,5 dias (29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3
segundos).
O Ciclo de Saros 133
Quando ocorre
um eclipse de um Ciclo de Saros 133, após 223 meses, o Sol, a Lua e a
Terra retornam aproximadamente à mesma geometria relativa, quase uma
linha reta, e um eclipse quase idêntico ocorre.
O primeiro registro histórico descoberto do que é conhecido como saros foi feito por astrônomos caldeus (neobabilônicos) nos últimos séculos AC. Mais tarde foi conhecido por Hiparco, Plínio e Ptolomeu.
O nome "Saros"
foi dado ao ciclo de eclipses por Edmond Halley em 1686. A palavra
grega aparentemente vem da palavra babilônica "sāru", que
significa o número "3600" ou do verbo grego "saro"
que significa "varredura", o que faria mais sentido.
O último eclipse solar do Ciclo de Saros 133 ocorreu em 13 de novembro de 2012 visível na Austrália e no sul do Pacífico.
O próximo eclipse solar de Saros 133 ocorrerá em 25 de novembro de 2030, O eclipse poderá ser observado em sua totalidade em Botsuana, África do Sul e Austrália, e parcialmente ao sul do Oceano Índico, nordeste da Antártida, passando pela Austrália.
Animação dos eclipses pertencentes ao Ciclo de Saros 133
A lista com os 72 eclipses catalogados no Ciclo de Saros 133 pode ser lida aqui.
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Referências:
- https://en.wikipedia.org/wiki/Solar_eclipse_of_May_12,_1706
- https://en.wikipedia.org/wiki/Solar_Saros_133
- https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEsaros/SEsaros133.html
- http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014522.pdf
- https://webspace.science.uu.nl/~gent0113/publications/eclipse_maps.pdf
- https://eclipsewise.com/solar/SEsaros/SEsaros133.html