Quantcast
Channel: O Baricentro da Mente
Viewing all 441 articles
Browse latest View live

Fórmula para calcular as medidas dos ângulos internos de um triângulo qualquer em função de seus lados

$
0
0
formulas-para-calcular-as-medidas-dos-angulos-internos-de-um-triangulo-qualquer-em-funcao-de-seus-lados-formula-radicais-aninhados

Este artigo é melhor visualizado em computadores, devido às fórmulas longas. Se estiver acessando pelo celular, ative o modo "para computador".

Veremos neste artigo como calcular as medidas dos ângulos internos de um triângulo qualquer em função de seus lados através de fórmulas de radicais aninhados.
figura-1-os-tres-angulos-de-um-triangulo
Dado um triângulo $\triangle ABC$, de lados $a$, $b$, $c$. Os ângulos internos $\alpha$, $\beta$ e $\gamma$ podem ser calculados com ótima aproximação através das fórmulas:
$$
\alpha \approx \frac{180 \cdot 2^5}{\pi} \ \sqrt{2- \sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{bc}}}}}}} \tag{1}
$$
$$
\beta \approx \frac{180 \cdot 2^5}{\pi} \ \sqrt{2- \sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{\frac{(a+b+c)(a+c-b)}{ac}}}}}}} \tag{2}
$$
$$
\gamma \approx \frac{180 \cdot 2^5}{\pi} \ \sqrt{2- \sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{2+\sqrt{\frac{(a+b+c)(a+b-c)}{ab}}}}}}} \tag{3}
$$

Demonstração

O método consiste em criar uma circunferência centrada em um dos vértices do triângulo $\triangle ABC$ com raio igual a um dos lados adjacentes ao ângulo. Na figura abaixo, o centro está localizado no vértice $A$ e o raio da circunferência é igual ao lado $b$.
figura-2-angulos-de-um-triangulo
[Figura 2: ângulos de um triângulo]

Aplicando a Lei dos Cossenos no triângulo $\triangle ABC$, o $\cos (\alpha)$, em função dos lados $a$, $b$ e $c$, é dado por:
$$
\cos(\alpha) = \frac{b^2+c^2-a^2}{2bc} \tag{4}
$$
Se o comprimento do arco $\widehat{CP}$ for conhecido, poderemos encontrar $\alpha$ em graus utilizando a seguinte proporção: O produto do raio $b$ por $\pi$ está para $180^\circ$, assim como o arco $\widehat{CP}$ está para o ângulo $\alpha$:
$$
\frac{\pi b}{180^\circ} = \frac{\widehat{CP}}{\alpha} \tag{5}
$$
Traçando um segmento de reta que inicia-se no vértice $C$ e prolonga-se até o ponto $P$, como mostrado na figura abaixo:
figura-3-angulos-de-um-triangulo
[Figura 3: Ângulos de um triângulo]

No triângulo $\triangle ACP$, o comprimento $x$ pode ser obtido pela Lei dos Cossenos, sendo assim, podemos substituir $\widehat{CP}$ por $x$ na relação $(5)$. Portanto, agora somos capazes de calcular a medida de $\alpha$, embora seja uma aproximação ruim, uma vez que o arco $\widehat{CP}>x$:
$$
\frac{\pi b}{180^\circ} = \frac{x}{\alpha} \tag{6}
$$
Isolando o ângulo $\alpha$:
$$
\alpha = \frac{180^\circ \cdot x}{\pi b} \tag{7}
$$
A segunda parte do método consiste em reduzir o segmento $x$ até coincidir com uma pequena parte do arco $\widehat{CP}$. Desse modo, obteremos $\alpha$ com uma boa precisão. No entanto, para que o método funcione é necessário que o novo ângulo tenha relação direta com $\alpha$. Há uma identidade trigonométrica que relaciona o ângulo com a sua metade, conhecida como a fórmula do cosseno do arco metade, assim, poderemos reduzir o comprimento de $x$ ao mesmo tempo que dividimos ao meio o ângulo $\alpha$:
figura-4-primeira-iteracao
[Figura 4: 1ª iteração]

$$
\cos \left( \frac{\alpha}{2} \right) = \pm \sqrt{\frac{1+\cos (\alpha)}{2}} \tag{8}
$$
A relação $(8)$ fornece duas opções:
$$
\cos \left( \frac{\alpha}{2} \right) = \sqrt{\frac{1+\cos (\alpha)}{2}} \tag{9}
$$
$$
\cos \left( \frac{\alpha}{2} \right) = - \sqrt{\frac{1+\cos (\alpha)}{2}} \tag{10}
$$
A relação $(10)$ não utilizaremos. Por que? A divisão ao meio de qualquer ângulo de um triângulo está limitado ao primeiro quadrante, de modo que $\displaystyle 0< \frac{\alpha}{2} < 90^{\circ}$, portanto, temos que $\displaystyle \cos \left( \frac{\alpha}{2}\right) > 0$. Como conhecemos o cosseno de $\alpha$ pela relação $(4)$, poderemos substituí-lo em $(9)$:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{2}\right) = \sqrt{\frac{1+\displaystyle \left( \frac{b^2+c^2-a^2}{2bc} \right)}{2}} \tag{11}
$$
Simplificando o radicando:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{2}\right) = \sqrt{ \frac{2bc+b^2+c^2-a^2}{4bc} }\tag{12}
$$
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{2}\right) = \sqrt{\frac{(b+c)^2-a^2}{4bc}} \tag{13}
$$
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{2}\right) = \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}} \tag{14}
$$
Dividindo o ângulo $\displaystyle \frac{\alpha}{2}$ ao meio, obtemos:
figura-5-segunda-iteracao
[Figura 5: 2ª iteração]

$$
\cos \left(\frac{\alpha}{4}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\cos \left(\frac{\alpha}{2}\right)}{2}} \tag{15}
$$
Substituindo $(14)$ em $(15)$, obtemos:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{4}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}} \tag{16}
$$
Dividindo o ângulo $\displaystyle \frac{\alpha}{4}$ ao meio:
figura-6-terceira-iteracao
[Figura 6: 3ª iteração]

$$
\cos \left(\frac{\alpha}{8}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\cos \left(\frac{\alpha}{4}\right)}{2}} \tag{17}
$$
Substituindo $(16)$ em $(17)$, obtemos:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{8}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}} \tag{18}
$$
Dividindo o ângulo $\displaystyle \frac{\alpha}{8}$ ao meio:
figura-7-quarta-iteracao
[Figura 7: 4ª iteração]

$$
\cos \left(\frac{\alpha}{16}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\cos \left(\frac{\alpha}{8}\right)}{2}} \tag{19}
$$
Substituindo $(18)$ em $(19)$, obtemos:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{16}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}} \tag{20}
$$
Dividindo o ângulo $\displaystyle \frac{\alpha}{16}$ o meio:
figura-8-quinta-iteracao
[Figura 8: 5º iteração]

Com $5$ iterações, o comprimento de $x_5 \approx \widehat{CQ}$. Vamos parar por aqui:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{32}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\cos \left(\frac{\alpha}{16}\right)}{2}} \tag{21}
$$
Substituindo $(20)$ em $(21)$, obtemos:
$$
\cos \left(\frac{\alpha}{32}\right) = \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}} \tag{22}
$$
Pela lei dos cossenos, o comprimento de $x_5$ é igual a:
$$
x_5^2 = b^2+b^2-2\cdot b \cdot b \cdot \cos\left(\frac{\alpha}{32}\right) \tag{23}
$$
$$
x_5^2 = 2b^2 - 2b^2\ \cos\left(\frac{\alpha}{32}\right) \tag{24}
$$
Substituindo $(22)$ em $(24)$:
$$
x_5^2 = 2b^2 - 2b^2 \cdot \left( \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}}\right) \tag{25}
$$
$$
x_5^2 = b^2 \left( 2-2\cdot\left( \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}}\right)\right) \tag{26}
$$
Extraindo a raiz em ambos os membros da igualdade, obtemos:
$$
x_5 = \sqrt{ b^2 \left( 2-2\cdot\left( \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}}\right)\right)} \tag{27}
$$
$$
x_5 = b \cdot \sqrt{ 2-2\cdot \sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}}} \tag{28}
$$
O número $2$ a direita do sinal de menos pode adentrar ao radical a sua direita como $4$, já que é uma raiz quadrada. Obtendo:
$$
x_5 = b \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\frac{\displaystyle 4+4\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}{2}}} \tag{29}
$$
$$
x_5 = b \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+2\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\sqrt{\frac{\displaystyle 1+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}{2}}}{2}}}{2}}}} \tag{30}
$$
Vamos repetir esse processo até alcançar o último radical:
$$
x_5 = b \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\displaystyle \sqrt{\frac{4(a+b+c)(b+c-a)}{4bc}}}}}}} \tag{31}
$$
$$
x_5 = b \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{bc}}}}}}} \tag{32}
$$
Como $x_5 \approx \widehat{CQ}$, logo, o produto do raio $b$ por $\pi$ está para $180^\circ$, assim como o comprimento $x_5$ está para $\displaystyle \frac{\alpha}{32}$:
$$
\frac{\pi b}{180^\circ} = \frac{\widehat{CQ}}{\displaystyle \frac{\alpha}{32}} \approx \frac{x_5}{\displaystyle \frac{\alpha}{32}} \tag{33}
$$
$$
\frac{ \alpha}{32} \approx \frac{180^\circ}{\pi b} \cdot x_5 \tag{34}
$$
$$
\alpha \approx \frac{180^\circ \cdot 32}{\pi b} \cdot x_5 \tag{35}
$$
Como conhecemos $x_5$, dado em $(32)$, basta substituí-lo em $(35)$:
$$
\alpha \approx \frac{180^\circ\cdot 32 \cdot b \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{bc}}}}}}}}{\pi b} \tag{36}
$$
$$
\alpha \approx \frac{180^\circ\cdot 2^5}{\pi} \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\displaystyle \sqrt{\frac{(a+b+c)(b+c-a)}{bc}}}}}}} \tag{37}
$$

Exemplo 1:

O triângulo $\triangle ABC$ abaixo foi criado utilizando o software Geogebra, cujos lados medem: $b=5$, $a=3,859578650443242$ e $c=3,296562835249749$, o ângulo formado entre os lados $b$ e $c$ é igual a $\alpha = 50,49490712462559^\circ$.
figura-9-angulos-de-um-triangulo
[Figura 9: ângulos de um triângulo]

Aplicando a fórmula dada em $(37)$, obtemos um valor com precisão de $2$ casas decimais:
$$
\alpha \approx \frac{180^\circ\cdot 2^5}{\pi}  \cdot \sqrt{ 2-\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\sqrt{\displaystyle 2+\displaystyle \sqrt{3,27229361103}}}}}} \tag{38}
$$
$$
\alpha \approx 50,49331131106^\circ \tag{39}
$$

Exemplo 2:

O triângulo $\triangle ABC$ abaixo, possui lados medindo $a=3,051370289408014$, $b=3,517153011832249$ e $c=6,568523301240263$. O ângulo formado entre os lados $a$ e $b$ é igual a $179,99999998007129^\circ$.
figura-10-angulos-de-um-triangulo
[Figura 10: Ângulos de um triângulo]

Aplicando a fórmula dos radicais aninhados para obter o ângulo $\gamma$, temos como resultado $179,92772156694144^\circ$. Quando o ângulo tende a $180^\circ$, a fórmula com apenas $5$ iterações retorna um valor com precisão de uma casa decimal. Sendo assim, quanto maior o expoente de $2$ e o número de radicais à direita do sinal de menos, podemos obter ângulos cada vez mais precisos. No triângulo acima, aplicando a fórmula para $7$ iterações, obtemos $\gamma=179,9954820876601^\circ$ e para $10$ iterações, obtemos $\gamma=179,99992940672044^\circ$.

Generalização da fórmula

Note que a quantidade de radicais aninhados a direita do sinal de menos é exatamente o número de iterações que efetuamos.
figura-11-angulos-de-um-triangulo
[Figura 11: ângulo de um triângulo]

A cada iteração, fatiamos o ângulo $\alpha$ em $2$ elevado ao número de iterações que efetuamos.
figura-12-iteracoes
[Figura 12: Iterações]

Generalizando para uma quantidade $n$ de iterações:
figura-13-o-angulo-alfa
[Figura 13: O ângulo $\alpha$]

Analogamente, podemos repetir o procedimento acima para encontrarmos os ângulos $\beta$ e o ângulo $\gamma$.
figura-14-o-angulo-beta
[Figura 14: O ângulo $\beta$]
figura-15-o-angulo-gama
[Figura 15: O ângulo $\gamma$]

O radicando mais interno é a razão entre o produto do perímetro pela soma dos lados adjacentes ao ângulo menos o lado oposto ao ângulo, e o produto dos lados adjacentes ao ângulo.
figura-16-angulos-de-um-triangulo
[Figura 16: Ângulos de um triângulo]

O autor

  • Este artigo foi elaborado por Rodrigo da Costa Moreira, licenciado em Matemática pelo Instituto Federal do Piauí - IFPI - Campus Uruçuí.
  • Contato: https://twitter.com/rodrigo_cstm


Links para este artigo:

Veja mais:


Fórmula de redução para a integral $\displaystyle \int \text{sen}^n(x)\ dx$

$
0
0
formula-de-reducao-para-a-integral-de-seno-x-elevado-a-n-enesima-potencia-de-seno-de-x-sen^n(x)
Fórmulas de redução são métodos baseados em relações de recorrência que nos permite reduzir a potência do integrando a fim de tornar mais fácil o processo de integração.

A ideia é expressar um integrando que envolva uma potência inteira $n$ de uma função em termos de $n-1$ ou $n-2$. O processo de redução pode ser continuado até obtermos uma função que seja mais facilmente integrável.

Veremos neste artigo como encontrar uma fórmula de redução para o seno elevado à enésima potência utilizando o método de integração por partes:
$$
\int \text{sen}^n(x)\ dx = \\
-\frac{1}{n}\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \frac{n-1}{n}\int \text{sen}^{n-2}(x)\ dx
$$

Seja a integral:
$$
I = \int \text{sen}^n(x)\ dx
$$
Reescrevemos o integrando como:
$$
I = \int \text{sen}^{n-1}(x) \cdot \text{sen}(x)\ dx
$$
Aplicando o método de integração por partes, fazemos $u=\text{sen}^{n-1}$ e $dv=\text{sen}(x)\ dx$. Assim, $du = (n-1)\ \text{sen}^{n-2}(x)\ \cos(x)\ dx$ e $v=-\cos(x)$. Aplicamos os resultados obtidos na fórmula para integração por partes. Lembrando que $\displaystyle \int u\ dv = uv - \int v\ du$. Assim:
$$
I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
\int \cos(x) (n-1)\ \text{sen}^{n-2}(x) \cos(x)\ dx\\
\ \\
I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \cos^2(x)\ \text{sen}^{n-2}(x)\ dx
$$
Utilizando a relação trigonométrica fundamental, temos que $\cos^2(x) = 1 - \text{sen}^2(x)$. Assim:
$$
I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \left( 1-\text{sen}^2(x) \right)\text{sen}^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \left( \text{sen}^{n-2}(x)-\text{sen}^n(x) \right)\ dx\\
\ \\
I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \text{sen}^{n-2}(x)\ dx - (n-1) \int \text{sen}^n(x)\ dx
$$
A segunda integral é a integral original, de modo que podemos substituí-la por $I$:
$$
I+(n-1)I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \text{sen}^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
n\ I = -\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
(n-1)\int \text{sen}^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
I = -\frac{1}{n}\text{sen}^{n-1}(x) \cos(x) + \\
\frac{n-1}{n}\int \text{sen}^{n-2}(x)\ dx
$$

Para $n=1$, teremos:
$$
I_1 = \int \text{sen}(x)\ dx\\
\ \\
I_1 = -\cos(x) + C
$$

Para $n=2$, teremos:
$$
I_2 = \int \text{sen}^2(x)\ dx\\
\ \\
I_2 = \frac{1}{2}\left( x - \text{sen}(x)\ \cos(x) \right) + C
$$

Para $n=3$, teremos:
$$
I_3 = \int \text{sen}^3(x)\ dx\\
\ \\
I_3 = -\frac{1}{3} \text{sen}^2(x)\ \cos(x) + \frac{2}{3}\ I_1\\
\ \\
I_3 = -\frac{1}{3} \text{sen}^2(x)\ \cos(x) - \frac{2}{3} \cos(x)+C
$$

Para $n=4$, teremos:
$$
I_4 = \int \text{sen}^4(x)\ dx\\
\ \\
I_4 = -\frac{1}{4} \text{sen}^3(x)\ \cos(x) + \frac{3}{4}\ I_2\\
\ \\
I_4 = \frac{1}{8} \left( 3x-3\ \text{sen}(x)\ \cos(x) \right)-\\
2\ \text{sen}^3(x)\ \cos(x)+C
$$

Métodos de integração:

Fórmula de redução para a integral $\displaystyle \int \cos^n(x)\ dx$

$
0
0
formula-de-reducao-para-a-integral-de-cosseno-x-elevado-a-n
Fórmulas de redução são métodos baseados em relações de recorrência que nos permite reduzir a potência do integrando a fim de tornar mais fácil o processo de integração.

A ideia é expressar um integrando que envolva uma potência inteira $n$ de uma função em termos de $n-1$ ou $n-2$. O processo de redução pode ser continuado até obtermos uma função que seja mais facilmente integrável.

Veja também: Fórmulas de redução para as integrais:

Veremos neste artigo como encontrar uma fórmula de redução para o cosseno elevado à enésima potência utilizando o método de integração por partes:
$$
\int \text{cos}^n(x)\ dx = \\

\frac{1}{n}\cos^{n-1}(x) \text{sen}(x) + \frac{n-1}{n}\int \cos^{n-2}(x)\ dx
$$

Seja a integral:
$$
I = \int \text{cos}^n(x)\ dx
$$
Reescrevemos o integrando como:
$$
I = \int \text{cos}^{n-1}(x) \cdot \text{cos}(x)\ dx
$$
Aplicando o método de integração por partes, fazemos $u=\text{cos}^{n-1}$ e $dv=\text{cos}(x)\ dx$. Assim, $du = -(n-1)\ \text{cos}^{n-2}(x)\ \text{sen}(x)\ dx$ e $v=\text{sen}(x)$. Aplicamos os resultados obtidos na fórmula para integração por partes. Lembrando que $\displaystyle \int u\ dv = uv - \int v\ du$. Assim:
$$
I = \cos^{n-1}(x) \ \text{sen}(x) + \\
\int (n-1)\cos^{n-2}(x)\ \text{sen}^2(x) \ dx\\
\ \\
I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \cos^{n-2}(x)\ \text{sen}^2(x)\ dx
$$
Utilizando a relação trigonométrica fundamental, temos que $\text{sen}^2(x)=1-\cos^2(x)$. Assim:
$$
I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \cos^{n-2}(x) \left(1-\cos^2(x)\right) \ dx\\
\ \\
I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \left( \cos^{n-2}(x)-\cos^n(x) \right)\ dx\\
\ \\
I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \cos^{n-2}(x)\ dx - (n-1) \int \cos^n(x)\ dx
$$
A segunda integral é a integral original, de modo que podemos substituí-la por $I$:
$$
I+(n-1)I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \cos^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
n\ I = \cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
(n-1)\int \cos^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
I = \frac{1}{n}\cos^{n-1}(x)\ \text{sen}(x) + \\
\frac{n-1}{n}\int \cos^{n-2}(x)\ dx
$$

Para $n=1$, teremos:
$$
I_1 = \int \cos(x)\ dx\\
\ \\
I_1 = \text{sen} + C
$$

Para $n=2$, teremos:
$$
I_2 = \int \cos^2(x)\ dx\\
\ \\
I_2 = \frac{1}{2}\left( \cos(x)\ \text{sen}(x) + x \right) + C
$$

Para $n=3$, teremos:
$$
I_3 = \int \cos^3(x)\ dx\\
\ \\
I_3 = \frac{1}{3} \cos^2(x)\ \text{sen}(x) + \frac{2}{3}\ I_1\\
\ \\
I_3 = \frac{1}{3} \cos^2(x)\ \text{sen}(x) + \frac{2}{3} \text{sen}(x)+C
$$

Para $n=4$, teremos:
$$
I_4 = \int \cos^4(x)\ dx\\
\ \\
I_4 = \frac{1}{4} \cos^3(x)\ \text{sen}(x) + \frac{3}{4}\ I_2\\
\ \\
I_4 = \frac{1}{8} \left( 2\cos^3(x)\ \text{sen}(x) + 3\cos(x)\ \text{sen}(x) + 3x \right)+C
$$

Métodos de integração:

Fórmula de redução para a integral $\displaystyle \int \text{tg}^n(x)\ dx$

$
0
0
formula-de-reducao-para-a-integral-de-tangente-x-elevado-a-n
Fórmulas de redução são métodos baseados em relações de recorrência que nos permite reduzir a potência do integrando a fim de tornar mais fácil o processo de integração.

A ideia é expressar um integrando que envolva uma potência inteira $n$ de uma função em termos de $n-1$ ou $n-2$. O processo de redução pode ser continuado até obtermos uma função que seja mais facilmente integrável.

Veja também: Fórmulas de redução para as integrais:

Veremos neste artigo como encontrar uma fórmula de redução para a tangente elevada à enésima potência utilizando o método de integração por substituição:
$$
\int \text{tg}^n(x)\ dx = 

\frac{\text{tg}^{n-1}(x)}{n-1} - \int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx
$$

Seja a integral:
$$
I = \int \text{tg}^n(x)\ dx
$$
Reescrevemos o integrando como:
$$
I = \int \text{tg}^{n-2}(x) \cdot \text{tg}^2(x)\ dx
$$
Substituímos o segundo fator do integrando pela identidade trigonométrica $\text{tg}^2(x)=\text{sec}^2(x)-1$:
$$
I = \int \text{tg}^{n-2}(x)\ \left( \text{sec}^2(x)-1 \right)\ dx\\
\ \\
I = \int \left( \text{tg}^{n-2}(x)\ \text{sec}^2(x) - \text{tg}^{n-2}(x) \right)\ dx\\
\ \\
I = \int \text{tg}^{n-2}(x)\ \text{sec}^2(x)\ dx -\\
\int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx
$$
Fazemos a substituição $u=\text{tg}(x)$ e aplicamos ao primeiro integrando. Assim, $du=\text{sec}^2(x)\ dx$ e $\displaystyle dx = \frac{1}{\text{sec}^2(x)}\ du$. Assim:
$$
I = \int u^{n-2} \cdot \text{sec}^2(x) \cdot \frac{1}{\text{sec}^2(x)} du - \\
\int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
I = \int u^{n-2}\ du - \int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx\\
\ \\
I = \frac{u^{n-1}}{n-1} - \int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx
$$
Mas, $u=\text{tg}(x)$, logo:
$$
I = \frac{\text{tg}^{n-1}(x)}{n-1} - \int \text{tg}^{n-2}(x)\ dx
$$


Para $n=2$, teremos:
$$
I_2 = \int \text{tg}^2(x)\ dx\\
\ \\
I_2 = \frac{\text{tg}^{2-1}(x)}{2-1} - \int \text{tg}^{2-2}(x)\ dx\\
\ \\
I_2 = \text{tg}(x) - \int dx\\
\ \\
I_2 = \text{tg}(x) - x +C
$$

Para $n=3$, teremos:
$$
I_3 = \int \text{tg}^3(x)\ dx\\
\ \\
I_3 = \frac{\text{tg}^{3-1}(x)}{3-1} - \int \text{tg}^{3-2}(x)\ dx\\
\ \\
I_3 = \frac{\text{tg}^2(x)}{2} - \int \text{tg}(x)\ dx\\
\ \\
I_3 = \frac{\text{sec}^2(x)-1}{2} + \ln \left| \cos(x) \right| + C\\
\ \\
I_3 = \frac{\text{sec}^2(x)}{2} - \frac{1}{2} + \ln \left| \cos(x) \right| +C\\
\ \\
I_3 = \frac{\text{sec}^2(x)}{2} + \ln \left| \cos(x) \right| + C
$$

Como transformar rpm em hertz

$
0
0
como-transformar-rpm-em-hertz-como-converter-rpm-hertz-hz
A unidade de medida de frequência é definida como o número de voltas que um corpo realiza em um determinado espaço de tempo.

De acordo com o SI (Sistema Internacional), a unidade que define frequência é o hertz $(Hz)$ e expressa quantas rotações por segundo o evento ocorre.

Outra unidade de medida muito utilizada é o rpm (rotações por minuto), no entanto, não é uma unidade pertencente ao SI e representa quantas rotações por minuto o evento ocorre.

Podemos transformar uma determinada frequência expressa em rpm para hertz utilizando o esquema:
$$
1\ \text{rpm} = \frac{1\ \text{rotação}}{1\ \text{min}} = \frac{1\ \text{rotação}}{60\ s} = \frac{1}{60}Hz
$$
Portanto:
  • De rpm para hertz, dividimos por 60.
  • De hertz para rpm, multiplicamos por 60.

Exemplo 1:

Os discos de vinis de 12 polegadas são gravados para funcionar em aparelhos toca-discos em rotações de $33\frac{1}{3}$ rpm. Para descobrirmos qual sua frequência em hertz, fazemos:
$$
Hz = \frac{33 \frac{1}{3}}{60}
$$
Lembrando que $33\frac{1}{3}$ é um número misto, de modo que podemos escrevê-la como $\displaystyle \frac{100}{3}$. Assim:
$$
\frac{\displaystyle \frac{100}{3}}{60} = \frac{100}{3} \cdot \frac{1}{60} = 0,555\cdots Hz
$$
Ou seja, um toca-discos que funciona a $33\frac{1}{3}$ rpm, gira a $0,555\cdots Hz$.

Exemplo 2:

O conta giros de um veículo indica a rotação do motor em rpm. Um determinado veículo esta ligado, parado e sem aceleração e o cota giros está indicando 600 rpm. Vamos calcular a frequência do motor em hertz. Fazemos:
$$
\frac{600\ \text{rpm}}{60\ s} = 10\ Hz
$$
Ou seja, o motor do veículo gira a 10 voltas por segundo.

Exemplo 3:

A velocidade mínima de um determinado ventilador é de 90 rpm e  velocidade máxima é de 280 rpm. Vamos calcular as frequências mínima e máxima em hertz.

Velocidade mínima: $\displaystyle \frac{90\ \text{rpm}}{60\ s} = 1,5\ Hz$

Velocidade máxima: $\displaystyle \frac{280\ \text{rpm}}{60\ s} = 4,666\cdots Hz$

Veja mais:

Como dividir um segmento de reta em 3 partes iguais

$
0
0
Seja um segmento de reta $AB$. Para dividirmos em três segmentos congruentes, seguimos os passos:

1. Encontramos o ponto médio $M$ do segmento $\overline{AB}$. Para isso, descrevemos dois arcos de circunferências de raio iguais a $\overline{AB}$ e marcamos as intersecções como $C$ e $D$. A reta que passa por $C$ e $D$ intersecta $\overline{AB}$ em seu ponto médio.

2. Descrevemos duas circunferências de raios iguais a $\overline{AM}$ com centros em $A$ e em $B$.

3. Com centro em $M$ e raio $\overline{AM}$, descrevemos outra circunferência e marcamos como $E$ e $F$ nas intersecções com as circunferências centradas em $A$ e $B$ de raios $\overline{AM}$.

4. Traçamos dois segmentos que passam por $\overline{CE}$ e $\overline{CF}$. As intersecções desses segmentos com o segmento $\overline{AB}$ geram os pontos $G$ e $H$, que o dividem em três segmentos congruentes.

5. Assim, $\overline{AG}$, $\overline{GH}$ e $\overline{HB}$ valem $\displaystyle \frac{1}{3}\ \overline{AB}$.

Demonstração:

Os triângulos $\triangle ABC$ e $\triangle AEM$ são equiláteros por construção. Leia o artigo Construção de um triângulo equilátero com régua e compasso.

Por semelhança de triângulos, temos que:
semelhanca-de-triangulos-como-dividir-um-segmento-de-reta-em-tres-partes-iguais
Assim:
$$
\frac{\overline{AB}}{\overline{AM}} = \frac{\overline{AG}}{\overline{GM}}
$$
Mas, como $\displaystyle \overline{AM} = \frac{\overline{AB}}{2}$, substituímos na relação acima:
$$
\frac{\overline{AB}}{\displaystyle \frac{\overline{AB}}{2}} = \frac{\overline{AG}}{\overline{GM}}\\
\ \\
\frac{2\ \overline{AB}}{\overline{AB}} = \frac{\overline{AG}}{\overline{GM}}\\
\ \\
2=\frac{\overline{AG}}{\overline{GM}}\\
\ \\
2\ \overline{GM} = \overline{AG}
$$
Como $\triangle ABC$ e $\triangle AEM$ são semelhantes, logo:
$$
2\ \overline{AG} = \overline{GB}
$$
E, portanto:
$$
\overline{AG} = \frac{1}{3}\overline{AB}
$$
Por simetria, podemos demonstrar analogamente que:
$$
\overline{HB} = \frac{1}{3}\overline{AB}
$$
E, consequentemente:
$$
\overline{GH} = \frac{1}{3}\overline{AB}
$$
Assim::
$$
\overline{AG} \cong \overline{GH} \cong \overline{HB}
$$

Veja mais:

Cavalieri e o método dos indivisíveis

$
0
0
Bonaventura Cavalieri e os indivisíveis, infinitesimais, origem cálculo

Ao início do século XVII, os métodos deixados pelos gregos para cálculos de áreas e volumes, apesar de sua beleza e rigor, mostravam-se cada vez menos adequados a um mundo em franco progresso científico, pois faltavam a eles operacionalidade e algoritmos para implementá-los. E como não havia ainda condições matemáticas de obter esses requisitos, os métodos então surgidos eram sempre passíveis de críticas — como o mais famoso deles, a geometria dos indivisíveis de Cavalieri (1598-1647), que se tornou um fator no desenvolvimento do Cálculo Integral. Em sua obra Geometria Indivisibilibus, de 1635 e a subsequente Exercitationes Geometricæ sex, de 1647, foram as tentativas mais sérias de transformar o que era uma coleção de práticas matemáticas se muito rigor em um "método" sistemático. Todas as discussões subsequentes sobre indivisíveis no século XVII referem-se repetidamente ao seu trabalho.

 

Bonaventura Francesco Cavalieri nasceu em Milão, Itália, no ano de 1598 e morreu em 30 de novembro de 1647 em Bolonha, Itália.


Cavalieri foi um dos matemáticos mais influentes de sua época. De família nobre, Cavalieri seguiu paralelamente a carreira religiosa e a atividade científica. Discípulo de Galileu Galilei (1564-1642), por indicação deste ocupou desde 1629 a cátedra de Matemática da Universidade de Bolonha (em princípio, seria por um período experimental de 3 anos, mas que acabou sendo prorrogado), ao mesmo tempo que era o superior do monastério de São Jerônimo. Publicou onze livros durante seus dezoito anos em Bolonha. Cavalieri foi também astrônomo, mas, se ainda é lembrado, isso se deve em grande parte ao método dos indivisíveis que desenvolveu a partir de 1626.


Mas o que há no método dos indivisíveis que o torna atraente para os amantes da matemática?

 

Cavalieri não definia, em suas obras sobre o assunto, o que vinham a ser os indivisíveis. Segundo ele, porém, uma figura plana seria formada por uma infinidade de cordas paralelas entre si e uma figura sólida por uma infinidade de seções planas paralelas entre si — a essas cordas e a essas seções chamava de indivisíveis. Num de seus livros “explicava” que um sólido é formado de indivisíveis, assim como um livro é composto de páginas. Do ponto de vista lógico, essas ideias envolviam uma dificuldade insuperável. Como uma figura de extensão finita poderia ser formada de uma infinidade de indivisíveis, tanto mais que estes não possuem espessura?


Em 1586, Simon Stevin (1548-1620), engenheiro, físico e matemático, em sua obra O Princípio da Estática, demonstrava que o centro de gravidade de um triângulo esta sobre sua mediana. Para isso, utilizou-se de infinitos paralelogramos de altura infinitesimal inscritos em um triângulo, que se confundiam com um segmento de reta. Logo, o centro de gravidade desta "reta" seria seu ponto médio. Aplicando o método referente aos três lados do triângulo, obtinha-se que o baricentro do triângulo recai no encontro das medianas.

 

O princípio de Cavalieri, ainda bastante usado no ensino de geometria métrica no espaço, facilita bastante a aceitação da ideia de indivisível:

 

Sejam dois sólidos A e B. Se todos os planos numa certa direção, ao interceptarem A e B, determinam seções (indivisíveis) de áreas iguais, então A e B têm mesmo volume”:

cavalieri-e-os-indivisiveis-comparacao-entre-dois-solidos 

De alcance maior foram certos teoremas estabelecidos por Cavalieri, como o que aparece na proposição 19 do livro Exercitationes Geometricæ sex, de 1647, que diz que:


"Se em um paralelogramo uma diagonal é traçada, então o paralelogramo é o dobro de qualquer um dos triângulos construídos por esta diagonal".


Cavalieri dividiu um dos triângulos em um número infinito de segmentos paralelosàs bases $CD$ e $AF$ (este são os "indivisíveis") e relacionou com os indivisíveis do próprio paralelogramo. Ele, então, argumentou que, como cada um dos segmentos de um triângulo tinha seu equivalente no outro (por exemplo $HE=BI$) então, "todos os segmentos" de um triângulo eram iguais a "todos os segmentos" do outro, concluindo que as áreas dos dois triângulos eram iguais e que, portanto, o paralelogramo era o dobro de qualquer um deles.

bonaventura cavalieri, metodo dos indivisiveis, paralelogramo, triangulos

Se $a$ indica genericamente os indivisíveis do paralelogramo e $x$ indica os indivisíveis de um dos triângulos, Cavalieri provou que:

$$
\begin{cases}
\sum a = 2\sum x\\
\ \\
\sum a^2 = 3\sum x^2\\
\ \\
\cdots
\end{cases}
\tag{1}
$$

onde os somatórios não têm o sentido atual, mas correspondem à ideia de "integrar" os indivisíveis para formar uma figura, ou seja, os segmentos de comprimento $x$ que vão de $C$ até $AF$, quando somados, representam a metade do paralelogramo, que é formado pela soma dos segmentos de comprimento $a$, que vão de $CD$ até $AF$.

 

Se o paralelogramo é um retângulo de altura $b$, sua área $\sum a$ é igual ao produto de um divisível pelo “número” $b$ de indivisíveis, isto é, $\sum a = ab$. Usando então a primeira das relações de $(1)$, obtém-se a área do triângulo:

$$
\sum x = \frac{1}{2} \sum a = \frac{1}{2} ab
$$

 

A segunda das relações de $(1)$ permite calcular a área compreendida entre as curvas $y=x^2$ e o eixo $x$, de $O$ até $a$, conforme figura abaixo:

o metodo de bonaventura cavalieri dos indivisiveis plaicado na funcao quadratia, funcao segundo grau, equacao segundo grau, equacao 2o grau

Segundo as ideias de Cavalieri, essa área vale $\sum x^2$, pois cada um de seus indivisíveis (ordenadas) vale $x^2$. Mas, pela relação citada:

 

$$
\sum x^2 = \frac{1}{3} \sum a^2
$$

 

onde $\sum a^2$ é a área do retângulo $OABC$.

 

Mas essa área é dada também por $a \cdot a^2 = a^3$ (base vezes altura). Logo, a área sombreada é $\cfrac{a^3}{3}$, resultado correto.

 

Foram tantas as críticas que Cavalieri recebeu pelo seu método, embora este funcionasse (como no exemplo anterior), que certa vez disse: "O rigor é algo que diz respeito à filosofia, e não à matemática".

linha-do-tempo-de-matematicos-citados-no-rtigo-cavalieri-e-o-metodo-dos-indivisiveis


Referências:

  • Fundamentos de Matemática Elementar V10 - Geometria Espacial - Osvaldo Dolce & Nicolau Pompeo
  • Introdução à História da Matemática - Howard Eves
  • From Voyagers History of Mathematics - Amir Alexander
  • Exercitationes Geometricæ Sex - Bonaventura Cavalieri


Links para este artigo:


Veja mais:

Como transformar rpm em hertz

$
0
0
como-transformar-rpm-em-hertz-hz-como converter-como-calcular
A unidade de medida de frequência é definida como o número de voltas que um corpo realiza em um determinado espaço de tempo.

De acordo com o SI (Sistema Internacional), a unidade que define frequência é o hertz $(Hz)$ e expressa quantas rotações por segundo o evento ocorre.

Outra unidade de medida muito utilizada é o rpm (rotações por minuto), no entanto, não é uma unidade pertencente ao SI e representa quantas rotações por minuto o evento ocorre.

Podemos transformar uma determinada frequência expressa em rpm para hertz utilizando o esquema:
$$
1\ \text{rpm} = \frac{1\ \text{rotação}}{1\ \text{min}} = \frac{1\ \text{rotação}}{60\ s} = \frac{1}{60}Hz
$$
Portanto:
  • De rpm para hertz, dividimos por 60.
  • De hertz para rpm, multiplicamos por 60.

Exemplo 1:

Os discos de vinis de 12 polegadas são gravados para funcionar em aparelhos toca-discos em rotações de $33\frac{1}{3}$ rpm. Para descobrirmos qual sua frequência em hertz, fazemos:
$$
Hz = \frac{33 \frac{1}{3}}{60}
$$
Lembrando que $33\frac{1}{3}$ é um número misto, de modo que podemos escrevê-la como $\displaystyle \frac{100}{3}$. Assim:
$$
\frac{\displaystyle \frac{100}{3}}{60} = \frac{100}{3} \cdot \frac{1}{60} = 0,555\cdots Hz
$$
Ou seja, um toca-discos que funciona a $33\frac{1}{3}$ rpm, gira a $0,555\cdots Hz$.

Exemplo 2:

O conta giros de um veículo indica a rotação do motor em rpm. Um determinado veículo esta ligado, parado e sem aceleração e o cota giros está indicando 600 rpm. Vamos calcular a frequência do motor em hertz. Fazemos:
$$
\frac{600\ \text{rpm}}{60\ s} = 10\ Hz
$$
Ou seja, o motor do veículo gira a 10 voltas por segundo.

Exemplo 3:

A velocidade mínima de um determinado ventilador é de 90 rpm e  velocidade máxima é de 280 rpm. Vamos calcular as frequências mínima e máxima em hertz.

Velocidade mínima: $\displaystyle \frac{90\ \text{rpm}}{60\ s} = 1,5\ Hz$

Velocidade máxima: $\displaystyle \frac{280\ \text{rpm}}{60\ s} = 4,666\cdots Hz$

Veja mais:


Resolução da integral da secante de x: $\displaystyle \int \sec(x)\ dx$

$
0
0
Lembra daquelas tabelas de integrais? Quando estudamos em nossa graduação, muitas vezes somente consultamos as tabelas e tomamos o resultado. Mas como esses resultados foram obtidos?

Este artigo faz parte de uma série de resoluções de integrais que venho fazendo para demonstrar os resultados que encontramos nessas tabelas.

Primeiramente a integral é resolvida passo-a-passo e em seguida é aplicada em exemplos. Para cada integral, utiliza-se técnicas específicas para sua resolução, que pode ser por substituiçãopor partespor frações parciais ou substituição trigonométrica ou ainda uma combinação de métodos.
resolucao-da-integral-sec-x-o-baricentro-da-mente-kleber-kilhian
Calcular a integral:
$$
\int \sec(x)\ dx
$$
Para resolver esta integral, utilizamos o método de integração por substituição.

Seja a integral:
$$
I = \sec(x)\ dx
$$
Multiplicamos e dividimos o integrando por $\sec(x)+\text{tg}(x)$:
$$
I = \int \sec(x) \left( \frac{\sec(x)+\text{tg}(x)}{\sec(x)+\text{tg}(x)} \right)\ dx\\
\ \\
I = \frac{\sec^2(x) + \sec(x)\text{tg}(x)}{\sec(x)+\text{tg}(x)}\ dx
$$
Fazemos a substituição $u=\sec(x)+\text{tg}(x)$. Assim, $du=\big(\sec^2(x)+\sec(x)\text{tg}(x)\big)dx$ e $\displaystyle dx=\frac{du}{\sec^2(x)+\sec(x)\text{tg}(x)}$:
$$
I = \int \frac{\sec^2(x)+\sec(x)\text{tg}(x)}{u}\cdot \frac{du}{\sec^2(x)+\sec(x)\text{tg}(x)}\\
\ \\
I = \int \frac{1}{u}\ du
$$
A integral de $\displaystyle \frac{1}{u}$ é $\ln|u|$. Assim:
$$
I = \ln|u| + C
$$
Mas, $u = \sec(x)+\text{tg}(x)$, logo:
$$
I = \ln|\sec(x)+\text{tg}(x)| + C
$$

Generalização:

Podemos obter uma fórmula que resolva a integral da secante de $x$ quando o argumento é multiplicado por uma constante:
$$
\int \sec(ax)\ dx = \frac{\ln|\sec(ax)+\text{tg}(ax)|}{a} + C
$$
Para ver esta resolução, acesse o artigo:


Construção geométrica de um pentadecágono regular com régua e compasso

$
0
0
construcao-de-um-pentadecagono-regular-com-regua-e-compasso
O pentadecágono regularé um polígono que possui 15 lados iguais e faz parte de um conjunto de polígonos construtíveis com régua e compasso. Cada ângulo interno de um polígono regular mede 156° e a soma dos ângulos internos equivale a 2340°.

A construção geométrica de um polígono regular pode ser explicada pelo Teorema de Gauss-Wantzel, que nos diz que um polígono regular de $n$ lados é construtível com régua e compasso se, e somente se, $n$ pode ser escrito como uma potência de 2 ou como produto entre uma potência de 2 por um número primo de Fermat (distintos), podendo ser expresso de duas maneiras:
$$
n = 2^k,\quad k \in \mathbb{N}
$$
ou
$$
n = 2^k \cdot \prod _n F_n
$$
em que $k \in \mathbb{N}$ e $F_n$ são os números primos de Fermat, que, por sua, vez, são escritos sob a forma:
$$
F_n = 2^{2^n}+1, \quad n \in \mathbb{N}
$$
Dividindo a circunferência em 15 partes iguais, obteremos setores circulares com ângulos de 24°. Assim, se conseguirmos encontrar dois pontos sobre a circunferência que nos forneça um ângulo de 24° em relação à origem, conseguiremos construir um pentadecágono regular.


Construção geométrica do pentadecágono

1. Descreva uma circunferência de centro $O$ e raio $r$.
construcao-de-um-pentadecagono-regular-com-regua-e-compasso
2. Trace o diâmetro horizontal e marque os pontos $P_1$ e $P_2$.
construcao-de-um-pentadecagono-regular-com-regua-e-compasso
3. Trace o diâmetro vertical, marcando os pontos $P_3$ e $P_4$. Com a ponta seca do compasso em $P_1$ e depois em em $P_2$, e raio $2r$, descreva dois arcos. A reta que passa pelas intersecções desses arcos fornece o diâmetro vertical.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
4. Encontre o ponto médio de $OP_1$. Descreva o arco de raio $r$ com centro em $P_1$. A mediana passa pela intersecção do arco com a circunferência. Marque como $P_5$ o ponto médio do segmento $OP_1$.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
5. Trace o segmento $P_3P_5$.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
6. Com centro em $P_5$e raio $OP_5$, descreva um arco e marque como $P_6$ a intersecção com o segmento $P_3P_5$.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
7. Com centro em $P_3$ e raio $P_3P_6$, descreva uma arco marcando como $A$ a intersecção com a circunferência.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
8. Com centro em $P_3$ e raio $OP_3$, descreva uma arco marcando como $B$ a intersecção com a circunferência.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
9. O ângulo $AOB$ é de $24^\circ$. Sendo assim, devemos transferir este ângulo seguidamente para descobrir os demais vértices do pentadecágono.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
10. Com centro em $B$ e raio $AB$, descreva um arco marcando como $C$ a intersecção com a circunferência. Com centro em $C$ e raio $AB$ descreva um arco marcando como $D$ a intersecção com a circunferência. Continue o procedimento até e finalizar o polígono.
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso

11. Unindo os pontos $A$, $B$, $C$, $D$, $E$, $F$, $G$, $H$, $I$, $J$, $K$, $L$, $M$, $N$ e $Q$, encontramos o pentadecágono regular:
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso

Uma animação da construção pode ser vista abaixo:
Construção de um pentadecágono regular com régua e compasso
Imagem:
https://en.wikipedia.org/wiki/Pentadecagon

Sugestão de livro sobre construções geométricas:

O objetivo do livro Desenho Geométrico é a obtenção de uma forma determinada, geométrica e precisa. Desse modo, o desenho geométrico é a própria geometria aplicada. Esta obra apresenta uma parte técnica acompanhada das explicações e comentários, conclusões e definições.
  • Título: Desenho Geométrico
  • Autor: Benjamin de A. Carvalho
  • Editora: Imperial Novo Milênio
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 332 páginas
  • Dimensões: 22,8 x 15,6 x 1,8 cm

Veja mais:



Demonstração de que todo triângulo inscrito em uma semicircunferência é retângulo

$
0
0
demonstracao-de-que-todo-triangulo-inscrito-em-uma-semicircunferencia-e-retangulo-triangulo-inscrito-em -uma-circunferencia-em-um-circulo
Todo triângulo que esteja inscrito em uma semicircunferência é um triângulo retângulo. Em outras palavras, um triângulo inscrito em uma circunferência é retângulo se, e somente se, um de seus lados passas pelo centro da circunferência.

Seja uma semicircunferência de centro $O$ e diâmetro $BC$. Escolhemos o ponto $A$ em qualquer posição do arco. Vamos demonstrar que o ângulo $\angle BAC$ é reto.

Iniciamos traçando os pontos $OA$. Considerando o triângulo $\triangle AOB$, temos que os segmentos $OA$ e $OB$ são o raio da semicircunferência. Deste modo, o triângulo $\triangle AOB$ é isósceles e os ângulos $\angle AOB$ e $\angle BAO$ são congruentes, ou seja, possuem a mesma medida. Vamos chamar esses ângulos de $\alpha$.

Analogamente, observamos que $OA$ e $OC$ são o raio da semicircunferência e o triângulo $\triangle AOC$ é isósceles. Assim, os ângulos $\angle OAC$ e $\angle OCA$ são congruentes. Vamos chamar esses ângulos de $\beta$.

Sabemos que a soma dos ângulos internos de qualquer triângulo é igual a $180^\circ$, ou seja, dois ângulos retos. Observando o triângulo $\triangle ABC$, temos que:
$$
180^\circ = \angle ABC + \angle ACB + \angle BAC\\
\ \\
180^\circ = \alpha + \beta + (\alpha + \beta)\\
\ \\
180^\circ = 2 \alpha + 2 \beta\\
\ \\
180^\circ = 2(\alpha + \beta)
$$
Dividindo ambos os membros da igual da de por $2$, obtemos:
$$
90^\circ = \alpha + \beta
$$
E provamos desta forma que $\angle BAC = \alpha + \beta = 90^\circ$.

Sugestão de livro sobre Geometria Plana:

Este livro faz parte da coleção Fundamentos de Matemática Elementar e este volume aborda toda a Geometria Plana usualmente tratada nas últimas séries do ensino fundamental. Os capítulos I à XI apresentam um estudo posicional das figuras geométricas planas. Os capítulos XII à XIX oferecem um tratamento mais métrico a essas figuras com destaque para os cálculos de perímetros e áreas.
  • Título: Fundamentos de Matemática Elementar, V9 - Geometria Plana
  • Autores: Osvaldo Dolce e José Nicolau Pompeo
  • Editora: Saraiva Didáticos
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 464 páginas
  • Dimensões: 24,13 x 16,76 x 1,52 cm
livro-amazon-fundamentos-de-matematic-aelementar-v9-geometria-plana-osvaldo-dolce
Capa comum

Veja mais:

Demonstração de que as diagonais de um trapézio isósceles são iguais

$
0
0
demonstracao-de-que-as-diagonais-de-um-trapezio-isosceles-sao-congruentes-geometria-teorema
A Geometria Plana possui muitos teorema interessantes que podem ser demonstrados por métodos analíticos seguindo algumas etapas:
  1. Construir uma figura que represente o problema;
  2. Escolher um sistema cartesiano em posição conveniente;
  3. Fixar as coordenadas de pontos específicos da figura impondo hipóteses;
  4. Fazer a demonstração.

O trapézio é um quadrilátero que possui um par de lados opostos paralelos.

Um trapézio é isósceles se os dois lados oblíquos (não paralelos) forem congruentes, ou seja, possuírem o mesmo comprimento.

Podemos demonstrar que as diagonais de um trapézio isósceles são iguais utilizando a fórmula de distância entre dois pontos.

Uma das propriedades dos trapézio isósceles é que se traçarmos perpendiculares a partir dos vértices da base menor, obtemos dois triângulos congruentes.
um-trapezio-isosceles-e-formado-por-um-quadrado-e-dois-triangulos-congruentes
Se o colocarmos no plano cartesiano sendo um de seus vértices a origem do sistema,  podemos definir as coordenadas de um trapézio isósceles genérico:
as-diagonais-de-um-trapezio-isosceles-sao-congruentes
Seja $ABCD$ um trapézio isósceles cujas coordenadas são:
$$
A(0,0),\ B(a,0),\ C(b,c)\ \text{e}\ D(a-b,c)
$$
Utilizando a fórmula de distância entre dois pontos, vamos encontrar as medidas das duas diagonais.
$$
d_{AC} = \sqrt{(b-0)^2 + (c-0)^2}\\
\ \\
d-{AC} = \sqrt{b^2+c^2}
$$
e
$$
d_{BD} = \sqrt{(a-b-a)^2 + (c-0)^2}\\
\ \\
d_{BD} = \sqrt{b^2+c^2}
$$
Então:
$$
AC = BD
$$

Referências:

  • Fundamentos de Matemática Elementar - Geometria Analítica- Gelson Iezzi

Veja mais:


O triângulo de área máxima inscrito em uma semicircunferência é isósceles

$
0
0
o-triangulo-de-area-maxima-inscrito-em-uma-semicircunferencia-e-isosceles
Dado um triângulo inscrito em uma semicircunferência, podemos utilizar derivadas para encontrar um triângulo que possua área máxima.

O problema se resume em encontrar as medidas dos catetos em função do raio $r$ da circunferência.
triangulos-retangulos-inscritos-em-uma-semicircunferencia
Visualmente é fácil aceitar que o triângulo de maior áreaé aquele cujos catetos $a$ e $b$ são iguais, ou seja, um triângulo retângulo isósceles. Mas, na Matemática, temos que demonstrar, por mais óbvio que pareça a solução.

Notemos que é possível obter infinitos triângulos retângulos inscritos em uma semicircunferência de raio $r$ conforme o vértice $C$ percorre o arco $AB$ em um intervalo aberto $I=]0,2r[$, ou seja:
$$
0<a<2r \quad \text{e} \quad 0<b<2r
$$
Para obtermos a área $A$ de qualquer triângulo, podemos aplicar a fórmula:
$$
A = \frac{a \cdot b}{2} \tag{1}
$$
E, através do Teorema de Pitágoras, obtemos a relação:
$$
a^2 + b^2 = 4r^2 \tag{2}
$$
Para encontrarmos área máxima $A$, colocamos a área em função de apenas um dos catetos ($a$ ou $b$). Vamos escolher o cateto $a$, de modo que podemos reescrever o cateto $b$ em função de $a$:
$$
a^2 + b^2 = 4r^2\\
\ \\
b^2 = 4r^2 - a^2
$$
Extraindo a raiz de ambos os membros:
$$
b = \sqrt{4r^2-a^2} \tag{3}
$$
Substituindo o cateto $b$ na fórmula da área, dada em $(1)$, obtemos:
$$
A = \frac{1}{2}\ a\cdot b\\
\ \\
A = \frac{1}{2}\ a\cdot \sqrt{4r^2-a^2}\\
\ \\
A = \frac{1}{2}\ \sqrt{a^2(4r^2-a^2)}\\
\ \\
A = \frac{1}{2}\ \sqrt{4a^2r^2 - a^4}
$$
Agora que obtivemos uma fórmula para a área em função de um dos catetos e raio $r$, podemos aplicar a derivada:
$$
A(a) = \frac{1}{2}\ \sqrt{4a^2r^2-a^4}\\
\ \\
A^\prime = \frac{1}{2}\cdot \frac{8ar^2-4a^3}{2\sqrt{4a^2r^2-a^4}}\\
\ \\
A^\prime = \frac{2ar^2-a^3}{\sqrt{4a^2r^2-a^4}}
$$
Igualamos a zero para obtermos uma equação que nos leve ao valor de máximo:
$$
\frac{2ar^2-a^3}{\sqrt{4a^2r^2-a^4}} = 0
$$
Multiplicando ambos os membros da equação por $\sqrt{4a^2r^2-a^4}$, obtemos:
$$
2ar^2-a^3=0\\
\ \\
a(2r^2-a^2) = 0
$$
Desta equação, temos duas respostas, mas descartamos a que $a=0$, pela obviedade. Assim:
$$
2r^2-a^2=0\\
\ \\
a^2 = 2r^2
$$
Extraindo a raiz em ambos os membros:
$$
a = r\sqrt{2} \tag{4}
$$
Para encontrarmos a medida do cateto $b$, substituímos o valor de $a$ obtido em $(4)$ na relação $(3)$:
$$
b = \sqrt{4r^2-a^2}\\
\ \\
b = \sqrt{4r^2-\left(r\sqrt{2}\right)}\\
\ \\
b = \sqrt{4r^2-2r^2}\\
\ \\
b = \sqrt{2r^2}
$$O que nos leva a:
$$
b = r\sqrt{2} \tag{5}
$$
Provamos, assim, que o triângulo de área máxima inscrito em uma semicircunferência de raio $r$ é aquele cujos catetos medem $a=b=r\sqrt{2}$, ou seja, isósceles.

Veja mais:

Área de um triângulo formado por duas diagonais consecutivas de um hexágono regular

$
0
0
area-de-um-triangulo-formado-por-duas-diagonais-consecutivas-de-um-hexagono-regular-o-baricentro-da-mente-geometria-geometria plana-polígonos


Dado um hexágono regular $ABCDEF$ de lado $\ell$, vamos encontrar uma fórmula que exprima a área de um triângulo formado quando traçamos duas diagonais consecutivas.

O hexágono regular é composto de 6 triângulos equiláteros, de modo que a área de um desses triângulos é dada por:
area-de-um-triangulo-equilatero
Primeiramente traçamos a altura $h$ do triângulo e aplicamos o teorema de Pitágoras:
$$
\ell^2 = h^2 + \left(\frac{\ell}{2}\right)^2\\
\ \\
\ell^2 = h^2 + \frac{\ell^2}{4}\\
\ \\
h^2 = \ell^2 - \frac{\ell^2}{4}\\
\ \\
h^2 = \frac{3\ell^2}{4}\\
\ \\
h = \frac{\ell \sqrt{3}}{2}
$$
Aplicando na fórmula para a área de um triângulo, obtemos:
$$
A = \frac{\text{base} \times \text{altura}}{2}\\
\ \\
A = \frac{\displaystyle \ell \cdot \frac{\ell \sqrt{3}}{2}}{2}\\
\ \\
A = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{4}
$$
Assim, a área do triângulo $\triangle CDO$ é dada por:
$$
A_{\triangle CDO} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{4} \tag{1}
$$
Por construção, o quadrilátero $ABCO$ é um losango e, sendo assim, os segmentos $AC$ e $BO$ são suas diagonais, perpendiculares entre si que intersectam-se em seus pontos médios $M$. Desta forma, o triângulo $\triangle MCO$ é a metade de $\triangle BCO$ e o triângulo $\triangle AMO$ é a metade de $\triangle ABO$. Logo, suas áreas são dadas por:
$$
A_{\triangle MCO} = \frac{\displaystyle \frac{\ell^2\sqrt{3}}{4}}{2} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{8} \tag{2}
$$
e
$$
A_{\triangle AMO} = \frac{\displaystyle \frac{\ell^2\sqrt{3}}{4}}{2} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{8} \tag{3}
$$
A área do triângulo $\triangle ACD$ é a soma das áreas dos três triângulos encontradas em $(1)$, $(2)$ e $(3)$:
$$
A_{\triangle ACD} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{4} + \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{8} + \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{8}\\
\ \\
A_{\triangle ACD} = \frac{2\ell^2 \sqrt{3} + \ell^2 \sqrt{3} + \ell^2 \sqrt{3}}{8}\\
\ \\
A_{\triangle ACD} = \frac{4 \ell^2 \sqrt{3}}{8}\\
\ \\
A_{\triangle ACD} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{2}
$$

Exemplo 1:

Seja um hexágono regular $ABCDEF$ de lado igual a $2\ cm$. Calcular a área formada por duas diagonais consecutivas.
area-triangulo-hexagono
$$
A_{\triangle ACD} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{2}\\
\ \\
A_{\triangle ACD} = \frac{2^2 \sqrt{3}}{2}\\
\ \\
A_{\triangle ACD} = 2 \sqrt{3}\ cm^2
$$

Exemplo 2:

Qual deve ser a medida do lado de um hexágono regular para que a área formada por duas diagonais consecutivas seja igual a $1\ cm^2$?
area-triangulo-hexagono-poligono
$$
A_{\triangle ACD} = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{2}\\
\ \\
1 = \frac{\ell^2 \sqrt{3}}{2}\\
\ \\
\ell^2 \sqrt{3} = 2\\
\ \\
\ell^2 = \frac{2}{\sqrt{3}}\\
\ \\
\ell^2 = \frac{2}{\sqrt{3}} \cdot \frac{\sqrt{3}}{\sqrt{3}}\\
\ \\
\ell^2 = \frac{2\sqrt{3}}{3}\\
\ \\
\ell = \sqrt{\displaystyle \frac{2 \sqrt{3}}{3}}
$$

4 modos de determinação de um plano

$
0
0
4-modos-de-determinacao-de-um-plano
Existem 4 modos para determinação de planos:
  • Por três pontos não colineares
  • Por uma reta e um ponto não pertencente à reta
  • Por duas retas concorrentes
  • Por duas retas paralelas distintas

1º Modo: Utilizando o axioma da determinação

Este primeiro modo é um postulado baseado no axioma da determinação, onde:

a) Dois pontos distintos determinam uma única reta que passa por elas:
dois-pontos-distintos-definem-uma-reta
$$
\overleftrightarrow{AB\ }
$$

b) Três pontos não colineares determinam um único plano que passa por eles:
tres-pontos-nao-colineares-definem-um-plano
$$
\alpha = (A,B,C)
$$

2º Modo: Utilizando uma reta e um ponto

Se existir uma reta $r$ e um ponto $P$ não pertencente à $r$, então eles determinam um único plano que os contém.

Por hipótese, temos que o ponto $P$ não pertence à reta $r$:
$$
P \notin r
$$
A tese que queremos demonstrar é que existe um plano $\alpha$ de modo que o ponto $P$ pertence ao plano $\alpha$ e que a reta $r$ está contida em $\alpha$:
$$
\exists \ \alpha \ | \ P \in \alpha \quad \text{e} \quad r \subset \alpha
$$
Como este é um problema de existência e unicidade, vamos dividir a demonstração em duas partes:

1ª Parte: Existência

Dados um ponto $P$ e uma reta $r$, tomamos dois pontos $A$ e $B$ distintos pertencentes a $r$.
uma-reta-e-um-ponto-fora-da-reta-definem-um-plano
Se os pontos $A$, $B$ e $P$ não forem colineares $(A,B \in r \quad \text{e} \quad P \notin r)$, então esses pontos determinam um plano $\alpha$.

Como os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$, logo, o ponto $P$ pertence a esse plano:
$$
\alpha = (A, B, P) \Longrightarrow P \in \alpha
$$
Por outro lado, como os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$, e sendo os pontos $A$ e $B$ distintos, então $A$ e $B$ pertencem à reta $r$. Logo, a reta $r$ está contida no plano $\alpha$:
$$
\left.\begin{matrix}
\alpha = (A,B,P) \\
A \neq B; \ B \in r\
\end{matrix}\right\}
\Longrightarrow r \subset \alpha
$$
Sendo assim, existe pelo menos o plano $\alpha$ determinado por $r$ e $P$:
$$
\alpha = (r,P)
$$

2ª Parte: Unicidade

Para provarmos que o plano $\alpha$ é o único plano determinado pela reta $r$ e o ponto $P$, vamos supor a existência de dois planos, $\alpha$ e $\alpha ^\prime$, determinados por $r$ e $P$. Assim, teríamos:
uma-reta-e-um-ponto-fora-da-reta-definem-um-plano
a) Como o plano $\alpha$ é determinado pela reta $r$ e o ponto $P$ e $A$ e $B$ pertencem a $r$, então os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$:
$$
\alpha = (r,P); A, B \in r \Longrightarrow \alpha = (A, B, P)
$$
b) Analogamente, como o plano $\alpha^\prime$ também seria determinado pela reta $r$ e o ponto $P$, com os pontos $A$ e $B$ pertencendo à reta $r$, então os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha^\prime$:
$$
\alpha^\prime=(r,P); A, B \in r \Longrightarrow \alpha^\prime=(A,B,P)
$$
Logo, os planos $\alpha$ e $\alpha^\prime$ são iguais:
$$
\alpha = \alpha^\prime
$$
Sendo assim, não existe mais que um plano $(r,P)$, de modo que:
$$
\exists \ \alpha \ | \ P \in \alpha \quad \text{e} \quad r \subset \alpha
$$

3º Modo: Utilizando duas retas concorrentes

Se duas retas forem concorrentes, então elas determinam um único plano que as contém.

Por hipótese, temos que o ponto $P$ é a intersecção entre as retas $r$ e $s$:
$$
r \cap s = \{P\}
$$
A tese que queremos demonstrar é que existe um plano $\alpha$ de modo que as retas $r$ e $s$ estão contidas neste plano:
$$
\exists \ \alpha \ | \ r \subset \alpha \quad \text{e} \quad s \subset \alpha
$$
Novamente, por se tratar de um problema de existência e unicidade, vamos dividir a demonstração em duas partes.

1ª Parte: Existência

Dadas duas retas, $r$ e $s$, concorrentes em um ponto $P$, tomamos o ponto $A$ em $r$ e o ponto $B$ em $s$:
duas-retas-concorrentes-definem-um-plano
Se os pontos $A$, $B$ e $P$ não forem colineares $(A,P \in r \quad \text{e} \quad B \notin r)$, então esses pontos determinam um plano $\alpha$.

Como os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$, e $A$ e $P$ pertencem à reta $r$, sendo distintos, então a reta $r$ está contida no plano $\alpha$:
$$
\alpha=(A,B,P); A,P\in r; A \neq P \Longrightarrow r \subset \alpha
$$
Da mesma forma, como os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$, e $B$ e $P$ pertencem à reta $s$, sendo distintos, então a reta $s$ está contida no plano $\alpha$:
$$
\alpha=(A,B,P); B,P\in s; B \neq P \Longrightarrow s \subset \alpha
$$
Logo, existe pelo menos o plano $\alpha$ determinado pelas retas $r$ e $s$:
$$
\alpha = (r,s)
$$
2ª Parte: Unicidade

Para provarmos que o plano $\alpha$ é o único plano determinado pelas retas $r$ e $s$, vamos supor a existência de dois planos, $\alpha$ e $\alpha^\prime$ determinados por $r$ e $s$. Assim, teríamos:
duas-retas-concorrentes-definem-um-plano
a) Como o plano $\alpha$ é determinado peças retas $r$ e $s$, os pontos $A$ e $P$ pertencem à reta $r$ e o ponto $B$ à reta $s$, então os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$:
$$
\alpha = (r,s); A, P \in r; B \in s \Longrightarrow \alpha=(A,B,P)
$$
b) Analogamente, como o plano $\alpha^\prime$ também seria determinado pelas retas $r$ e $s$, com os pontos $A^\prime$ e $P$ pertencendo à reta $r$ e o ponto $B^\prime$ à reta $s$, então os pontos $A^\prime$, $B^\prime$ e $P$ determinam o plano $\alpha^\prime$:
$$
\alpha^\prime = (r,s); A^\prime , P \in r; B^\prime \in s \Longrightarrow \\
\ \\
\alpha^\prime = (A^\prime, B^\prime, P)
$$
Logo, os planos $\alpha$ e $\alpha^\prime$ são iguais:
$$
\alpha = \alpha^\prime
$$
Sendo assim, não existe mais que um plano $(r,s)$, de modo que:
$$
\exists \ \alpha \ | \ r \subset \alpha \quad \text{e} \quad s \subset \alpha
$$

4º Modo: Utilizando duas retas paralelas

Se duas retas são paralelas e distintas entre si, então elas determinam um único plano que as contém.

Por hipótese temos que as retas $r$ e $s$ são paralelas e distintas entre si:
$$
r \parallel s \quad \text{e} \quad r \neq s
$$
A tese que queremos demonstrar é que existe um plano $\alpha$ de modo que as retas $r$ e $s$ estão contidas no plano $\alpha$, sendo $r$ e $s$ distintas:
$$
\exists \ \alpha \ | \ r \subset \alpha \quad \text{e} \quad s \subset s, \ r \neq s
$$
Do mesmo modo que as demonstrações anteriores, por se tratar de um problema de existência e unicidade, vamos dividir a demonstração em duas partes:

1ª Parte Existência

A existência do plano $\alpha = (r,s)$ é uma consequência da definição de retas paralelas (ou da existência dessas retas), pois duas retas são paralelas se, e somente se:

a) Ou as retas $r$ e $s$ são coincidentes:
duas-retas-paralelas-coincidentes
$$
r = s \Longrightarrow r \parallel s
$$
b) Ou as retas $r$ e $s$ são coplanares sem nenhum ponto comum:
duas-retas-paralelas-distintas-definem-um-plano
$$r \subset \alpha , \ s \subset \alpha \quad \text{e} \quad r \cap s = \emptyset \Longrightarrow r \parallel s
$$
Então, se as retas $r$ e $s$ forem paralelas e distintas, estas retas determinam um plano $\alpha$:
$$
\exists \ \alpha \ | \ r \cap \alpha , s \cap \alpha \quad \text{e} \quad r \cap s = \emptyset
$$
Sendo assim, existe pelo menos o plano $\alpha$ determinado pelas retas paralelas $r$ e $s$:
$$
\alpha = (r,s)
$$

2ª Parte: Unicidade

Para provarmos que o plano $\alpha$ é o único plano determinado pelas retas paralelas $r$ e $s$, vamos supor a existência de dois planos, $\alpha$ e $\alpha^\prime$, determinados por $r$ e $s$.
duas-retas-paralelas-distintas-definem-um-plano
Se existirem os planos $\alpha$ e $\alpha^\prime$ passando pelas retas paralelas distintas $r$ e $s$, tomamos os pontos $A$ e $B$ distintos em $r$ e $P$ em $s$. Então, teríamos:

a) Como o plano $\alpha$ é determinado pelas retas $r$ e $s$, os pontos $A$ e $B$ são distintos e pertencem à reta $r$ e o ponto $P$ à retas $s$, então os pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha$:
$$
\alpha = (r,s) ; A,B \in r, P \in s \Longrightarrow \alpha =(ABP)
$$
b) Analogamente, como o plano $\alpha^\prime$ é determinado pelas retas $r$ e $s$, os pontos $A$ e $B$ são distintos e pertencem à reta $r$ e o ponto $P$ À reta $s$, então ps pontos $A$, $B$ e $P$ determinam o plano $\alpha^\prime$:
$$
\alpha^\prime = (r,s) ; A,B \in r, P \in s \Longrightarrow \alpha^\prime =(ABP)
$$
Logo, os planos $\alpha$ e $\alpha^\prime$ são iguais:
$$
\alpha = \alpha^\prime
$$
Sendo assim, não existe mais que um plano $(r,s)$, de modo que:
$$
\exists \ \alpha \ | \ r \cap \alpha \quad \text{e} \quad s \cap \alpha
$$

Referências:

  • Fundamentos de Matemática Elementar V10 - Geometria Espacial - Osvaldo Dolce e José Nicolau Pompeo

Veja mais:


Os círculos gêmeos de Arquimedes

$
0
0
os-circulos-gemeos-de-arquimedes-as-circunferencias-gemeas-de-arquimedes
No livro dos Lemas de Arquimedes aparecem os problemas dos arbelos (faca de sapateiro), que é a região limitada por dois semicírculos tangentes entre si e a um terceiro semicírculo maior, cujo diâmetro é a soma dos dois menores. Os círculos gêmeos de Arquimedes estão ligados diretamente ao problema dos arbelos.

Os círculos gêmeos de Arquimedes são dois círculos tangentes aos dois semicírculos menores, ao maior e a um segmento de reta perpendicular ao ponto de tangência entre os dois semicírculos menores.

Para quaisquer raios que o dois semicírculos menores assumam, os raios dos círculos gêmeos serão sempre iguais e, consequentemente, suas áreas.

Seja um semicírculo de centro $O$ e raio $r$, com diâmetro definido como $AC$ e sejam outros dois semicírculos menores de centros $O_1$ e $O_2$, raios $r_1$ e $r_2$ e diâmetros $AB$ e $BC$, respectivamente.

Traçamos por $B$ um segmento de reta $BD$ perpendicular ao diâmetro $AC$, marcando o ponto $D$ na intersecção com o semicírculo maior.

Descrevemos dois círculos de raios $t_1$ e $t_2$, com centros $E$ e $F$, respectivamente, de modo que o círculo de centro $E$ seja tangente ao segmento $BD$ e aos semicírculos de diâmetros $AC$, e $AB$; e o círculo de centro $F$ seja tangente ao segmento $BD$ e aos semicírculos de diâmetros $AC$ e BC$.

Vamos provar que:

  • A distância de $E$ ao segmento $AC$ é dada por:
$$
EH = \sqrt{(r_1+r_2)^2 - (r_1-t_1)^2} \tag{1}
$$

  • Os raios dos dos círculos gêmeos de Arquimedes são dados por:
$$
t = \frac{r_1 \cdot r_2}{r_1 + r_2} \tag{2}
$$

Demonstrações:

Para encontrarmos algumas relações que nos ajudem a provar $(1)$ e $(2)$, fazemos
  • Traçamos o segmento $HE$, perpendicular ao diâmetro $AC$;
  • Traçamos o segmento $OE$, marcando como $I$ a intersecção com o semicírculo de centro $O$;
  • Traçamos os segmento $O_1E$, marcando como $J$ a tangência entre o semicírculo de centro $O_1$ e o círculo de centro $E$;
  • Traçamos o segmento $EM$ perpendicular ao segmento $BD$.
demonstracao-os-circulos-gemeos-de-arquimedes

Prova de (1):

Como o segmento $AC = AB + BC$, segue que:
$$
r = r_1 + r_2 \tag{3}
$$
Do segmento $O_1E$, temos:
$$
O_1E = O_1J + JE\\
\ \\
O_1E = r_1 + t_1 \tag{4}
$$
Do segmento $OI$, temos:
$$
EO = OI - EI\
\ \\
EO = r - t_1 \tag{5}
$$
Do segmento $O_1H$, temos:
$$
O_1H = O_!B - HB\\
\ \\
O_1H = O_1B - EM\\
\ \\
O_1H = r_1 - t_1 \tag{6}
$$
Do segmento $OC$, temos:
$$
OH = OC - HB - BC\\
\ \\
OH = (r_1+r_2) - t_1 - 2r_2\\
\ \\
OH = r_1 + r_2 - t_1 - 2r_2\\
\ \\
OH = r_1 - r_2 - t_1 \tag{7}
$$
Aplicamos o Teorema de Pitágoras no triângulo $EO_1H$ e substituímos as relações $(4)$ e $(6)$:
$$
O_1E^2 = EH^2 + O_1H^2\\
\ \\
EH^2 = O_1E^2 - O_1H^2\\
\ \\
EH^2 = (r_1+t_1)^2 - (r_1-t_1)^2\\
\ \\
EH = \sqrt{(r_1+t_1)^2 - (r_1 - t_1)^2} \tag{8}
$$

Prova de (2):

Aplicamos o Teorema de Pitágoras no triângulo $EOH$ e substituímos as relações $(5)$ e $(7)$:
$$
EO^2 = EH^2 + OH^2\\
\ \\
EH^2 = EO^2 - OH^2\\
\ \\
EH^2 = (r-t_1)^2 - (r_1 - r_2 - t_1)^2
$$
Mas, $r=r_1+r_2$. Assim:
$$
EH^2 = (r_1+r_2-t_1)^2 - (r_1-r_2-t_1)^2 
$$
Substituindo a relação $(8)$ na relação acima, obtemos:
$$
\color{red}{(r_1+t_1)^2} - \color{blue}{(r_1 - t_1)^2} =\\
\color{green}{(r_1+r_2-t_1)^2} - \color{magenta}{(r_1-r_2-t_1)^2} \tag{9}
$$
Vamos aplicar o produto notável em cada quadrado da igualdade acima separadamente para facilitar a visualização:
$$
\color{red}{(r_1+t_1)^2 = r_1^2 + 2r_1t_1 + t_1^2}
\ \\ \ \\
\color{blue}{(r_1-t_1)^2 = r_1^2-2r_1t_1 + t_1^2}
\ \\ \ \\
\color{green}{(r_1+r_2-t_1)^2 = r_1^2+2r_1r_2-2r_1t_1+\\ r_2^2-2r_2t_1+t_1^2}
\ \\ \ \\
\color{magenta}{(r_1-r_2-t_1)^2 = r_1^2 - 2r_1r_2 - 2r_1t_1 + \\ r_2^2 + 2r_2t_1 + t_1^2}
$$
Agora, aplicamos em $(9)$ os produtos notáveis em sua forma expandida:
$$
r_1^2 + 2r_1t_1 + t_1^2 - r_1^2+2r_1t_1 - t_1^2 = \\
r_1^2+2r_1r_2-2r_1t_1+ r_2^2-2r_2t_1+t_1^2 - \\
r_1^2 + 2r_1r_2 + 2r_1t_1 - r_2^2 - 2r_2t_1 - t_1^2
$$
Através de um pouco de álgebra, somamos os termos comuns e cancelamos termos opostos:
$$
4r_1t_1 = 4r_1r_2 - 4r_2t_1\\
\ \\
4r_1t_1+4r_2t_1 = 4r_1r_2\\
\ \\
4t_1(r_1+r_2) = 4r_1r_2
$$
Finalmente obtendo:
$$
t_1 = \frac{r_1 \cdot r_2}{r_1+r_2} \tag{10}
$$
De modo análogo, considerando as projeções de $F$ sobre os segmentos $BC$ e $BD$, podemos provar que:
$$
t_2 = \frac{r_1 \cdot r_2}{r_1+r_2} \tag{11}
$$
Sendo assim, as relações $(10)$ e $(11)$ mostra que $t_1=t_2$, provando que os círculos gêmeos de Arquimedes possuem raios iguais e, portanto, áreas iguais. Assim, podemos escrever:
$$
t = \frac{r_1 \cdot r_2}{r_1+r_2}
$$

Veja mais:


Resolução da integral $\displaystyle \int \text{cossec}(x)\ dx$

$
0
0
Lembra daquelas tabelas de integrais? Quando estudamos em nossa graduação, muitas vezes somente consultamos as tabelas e tomamos o resultado. Mas como esses resultados foram obtidos?
 
Este artigo faz parte de uma série de resoluções de integrais que venho fazendo para demonstrar os resultados que encontramos nessas tabelas.
 
Primeiramente a integral é resolvida passo-a-passo e em seguida é aplicada em exemplos. Para cada integral, utiliza-se técnicas específicas para sua resolução, que pode ser por substituiçãopor partespor frações parciais ou substituição trigonométrica ou ainda uma combinação de métodos.
 
Nesta postagem, vamos demonstrar que:
$$
\int \text{cossec}(x)\ dx = -\ln |\text{cotg}(x) + \text{cossec}(x)| + C
$$
resolucao-da-integral-da-cossecante-de-x-atraves-do-metodo-da-substituicao-exemplos-exercicio-resolvido

Seja a integral:
$$
I = \int \text{cossec}(x)\ dx
$$
Quando tratamos de integrais trigonométricas muitas vezes precisamos fazer substituições convenientes para que possamos cancelar termos do integrando.

Podemos multiplicar e dividir o integrando por uma determinada expressão de modo que, ao fazermos uma substituição, possamos encontrar uma derivada que simplifique o integrando.

Para a integral da cossecante, vamos multiplicar e dividir o integrando por $\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)$. Assim:
$$
I = \int \text{cossec}(x) \cdot \frac{\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)}{\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)}\ dx\\
\ \\
I = \int \frac{\text{cossec}(x)\ \text{cotg}(x)+\text{cossec}^2(x)}{\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)}\ dx\\
\ \\
I = - \int \frac{-\text{cossec}(x)\ \text{cotg}(x)-\text{cossec}^2(x)}{\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)}\ dx\\
$$
Para o integrando, fazemos a substituição $u=\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)$. Assim, obtemos:
$$
du = \big(-\text{cossec}^2(x)-\text{cotg}(x)\ \text{cossec}(x)\big)\ dx\\
\ \\
\text{e}\\
\ \\
dx = \frac{du}{\big(-\text{cossec}^2(x)-\text{cotg}(x)\ \text{cossec}(x)\big)}
$$
Aplicando as substituições:
$$
I = - \int \frac{-\text{cossec}(x)\ \text{cotg}(x)-\text{cossec}^2(x)}{u\ \big(-\text{cossec}^2(x)-\text{cotg}(x)\ \text{cossec}(x)\big)}du\\
\ \\
I = - \int \frac{1}{u}\ du
$$
A integral de $\cfrac{1}{u}$ é $\ln|u|$. Assim:
$$
I = -\ln|u| + C
$$
Mas, $u=\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)$, logo:
$$
I = - \ln|\text{cotg}(x)+\text{cossec}(x)|+C
$$

Exemplo 1:

Encontrar a área sob a curva $f(x) = \text{cossec}(x)$, no intervalo $\displaystyle \left[ \frac{\pi}{6},\frac{\pi}{3}\right]$.
cálculo da área sob a curva cossecante de x
Para calcularmos a área desejada, utilizaremos o conceito de integral definida, com limites de integração inferior e superior iguais a $\pi/6$ e $\pi/3$, respectivamente. Assim, podemos representar a área desejada como:
$$
A = \int_{\pi/6}^{\pi/3} \text{cossec}(x)\ dx
$$
Utilizando os resultados obtidos anteriormente, temos que:
$$
A = \int_{\pi/6}^{\pi/3} \text{cossec}(x)\ dx\\
\ \\
A= \Big[ -\ln \Big( \text{cotg}(x) + \text{cossec}(x)\Big) \Big]_{\pi/6}^{\pi/3}\\
\ \\
A = -\ln\left( \text{cotg}\left(\frac{\pi}{3}\right) + \text{cossec}\left(\frac{\pi}{3}\right)\right)+\\
 \ln \left(\text{cotg}\left(\frac{\pi}{6}\right)+\text{cossec}\left(\frac{\pi}{6}\right)\right)
$$
De tabelas trigonométricas que podemos encontrar em livros, internet ou mesmo em calculadoras, temos que:
$$
\text{cotg}\left(\frac{\pi}{3}\right) = \frac{\sqrt{3}}{3} \quad \text{e}\quad \text{cotg}\left(\frac{\pi}{6}\right) = \sqrt{3}\\
\ \\
\text{cossec}\left(\frac{\pi}{3}\right) = \frac{2\sqrt{3}}{3} \quad \text{e}\quad \text{cossec}\left(\frac{\pi}{6}\right) = 2
$$
Assim, fazemos:
$$
A = -\ln \Big( \frac{\sqrt{3}}{3} + \frac{2\sqrt{3}}{3}\Big) + \ln \Big(\sqrt{3} + 2 \Big)\\
\ \\
A = -\ln (\sqrt{3}) + \ln(\sqrt{3}+2)\\
\ \\
A \approx 0,76765\ u.a.
$$
Assim, a área desejada possui aproximadamente 0,76765 unidades de área.

7 Livros de História da Matemática para Ensino Fundamental, Médio e Superior

$
0
0
7-livros-de-historia-da-matematica-para-ensino-fundamental-medio-e-superior

Conhecer a História da Matemáticaé importante por várias razões:

1. Compreensão do desenvolvimento intelectual humano: Através da História da Matemática é possível obter uma perspectiva enriquecedora sobre a evolução da matemática ao longo do tempo, pois reflete o desenvolvimento intelectual da humanidade, permitindo compreender a concepção, evolução e aprimoramento das ideias matemáticas ao longo dos séculos.


2. Contextualização de conceitos matemáticos: Conhecer a história por trás de conceitos matemáticos torna mais fácil compreender o porquê e como esses conceitos foram desenvolvidos. Isso pode facilitar a aprendizagem, tornando os conceitos matemáticos mais tangíveis e significativos.

3. Inspiração: A História da Matemática frequentemente destaca a criatividade e o pensamento inovador de matemáticos famosos, o que pode inspirar estudantes a perseguirem carreiras em áreas relacionadas. Ela mostra que a matemática é uma disciplina dinâmica, com muitas oportunidades de contribuição original.

4. Resolução de problemas: O estudo da História da Matemática muitas vezes envolve a análise de problemas matemáticos históricos e suas soluções. Isso pode ajudar os estudantes a aprimorar suas habilidades de resolução de problemas, uma vez que podem aprender com as estratégias utilizadas no passado.

5. Conexões interdisciplinares: A matemática tem ligações profundas com outras disciplinas, como ciência, filosofia, arte e história. Conhecer a História da Matemática pode ajudar a destacar essas conexões e aprofundar a compreensão de como a matemática desempenhou um papel vital em várias áreas ao longo da história.

6. Consciência da diversidade cultural: A História da Matemática não é exclusiva de uma única cultura, pois inclui contribuições de matemáticos de diferentes partes do mundo, ajudando a promover a conscientização sobre a diversidade cultural e a importância das perspectivas globais na matemática.

7. Valorização da importância da matemática: Ao conhecer a História da Matemática e os desafios que os matemáticos enfrentaram ao longo da história, as pessoas podem apreciar melhor a importância da matemática em nossa sociedade moderna. Isso pode levar a um maior respeito pela disciplina e pelo papel dos matemáticos na resolução de problemas do mundo real.

A História da Matemática não apenas fornece informações interessantes sobre o desenvolvimento da disciplina, mas também oferece insights valiosos para estudantes, educadores e entusiastas da matemática, contribuindo para uma compreensão mais profunda e apreciação desse campo fundamental do conhecimento.

1. História da Matemática - Carl Boyer

Por mais de vinte anos, "História da Matemática" tem sido texto de referência para aqueles que querem aprender sobre a fascinante história da relação da humanidade com números, formas e padrões.

Esta edição revisada apresenta uma cobertura atualizada de tópicos como o último teorema de Fermat e a conjectura de Poincaré, além de avanços recentes em áreas como teoria dos grupos finitos e demonstrações com o auxílio do computador.

Quer você esteja interessado na idade de Platão e Aristóteles ou de Poincaré e Hilbert, quer você queira saber mais sobre o teorema de Pitágoras ou sobre a razão áurea, "História da Matemática" é uma referência essencial que o ajudará a explorar a incrível história da matemática e dos homens e mulheres que a criaram.
livro historia da matematica de carl boyer
Detalhes do produto:
  • Autor: Carl Boyer e Uta C. Merzbach
  • Editora: Blucher
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 508 páginas
  • Dimensões: 25,2 x 20,0 x 2,8 cm


2. História da Matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas - Tatiana Roque

livro historia da matematica  Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas
Primeiro livro de História da Matemática propriamente brasileiro, em linguagem objetiva e com ilustrações, apresenta um olhar crítico sobre o modo como a história da matemática tem sido contada ao longo dos tempos. Para tanto, aborda os sistemas matemáticos desenvolvidos desde a Mesopotâmia até o século XIX, passando pelo Egito antigo, a Grécia clássica, a Idade Média, a chamada Revolução Científica e os debates dos século XVIII. 

A autora mostra que diferentes práticas matemáticas coexistiram desde sempre, dando soluções diversas para problemas semelhantes. E que tal concepção põe em xeque não apenas a crença de que a matemática é universal como também a tradicional visão de que a matemática grega seria superior à de outros povos da Antiguidade, como os árabes. Nessa ousada empreitada, um dos objetivos principais de Tatiana Roque é acabar com a falsa ideia de que a matemática seria essencialmente abstrata e teórica, acessível apenas a gênios.
livro História da Matemática de Tatiana Roque
Detalhes do produto:
  • Autor: Tatiana Roque
  • Editora: Zahar
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 512 páginas
  • Dimensões: 22,8 x 15,8 x 3,2 cm



3. Em busca do infinito: Uma história da matemática dos primeiros números à teoria do caos - Ian Stewart

Em busca do infinito: Uma história da matemática dos primeiros números à teoria do caos
Dos primeiros símbolos numéricos da Mesopotâmia aos grandes problemas ainda insolúveis que desafiam a mente dos maiores cientistas de nosso tempo, o brilhante e aclamado professor Ian Stewart oferece uma história da matemática esclarecedora e extremamente simples de ler.

Com mais de 100 ilustrações, Em busca do infinito desmistifica as ideias essenciais da matemática, explicando um tema fundamental de cada vez. Entre diagramas, fotos e pinturas - além de quadros destacando o que cada descoberta fez por sua época e também suas aplicações hoje em dia -, Stewart revela a natureza fascinante desta ciência e sua presença em todos os aspectos de nossa vida.
Clique para ser redirecionado ao site da Amazon e veja mais sobre o livro Em busca do infinito: Uma história da matemática dos primeiros números à teoria do caos de Ian Stewart
Detalhes do produto:
  • Autor: Ian Stewart
  • Editora: Zahar
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 384 páginas
  • Dimensões: 22,8 x 15,6 x 2,8 cm


4. A História da Matemática - Anne Rooney

A História da Matemática - Anne Rooney
O livro procura traçar uma jornada desde os habitantes das cavernas até os matemáticos do início do século XXI, mostrando conquistas da humanidade.

Os tópicos presentes no livro apresentam: Contagem e medição desde os tempos antigos, Os antigos egípcios e a geometria, Estudando o movimento dos planetas, Álgebra, Geometria sólida e tabelas trigonométricas, Os primeiros computadores, Como as estatísticas passaram a governar nossas finanças, Formas impossíveis e dimensões extras, Medindo e mapeando o mundo, Teoria do caos e fuzzy logic e Teoria dos conjuntos e a morte dos números.

O livro procura apresentar algumas pessoas por trás das descobertas matemáticas, como Euclides, Apolônio, Pitágoras, Brahmagupta, Aryabhata, Liu Hui, Omar Khayyam, AL-Khwarizmi, Napier, Galileu, Pascal, Newton, Leibniz, Gauss, Riemann, Russel, entre outros.
Clique para ser redirecionado ao site da Amazon e veja mais sobre o livro A História da Matemática de Anne Rooney
Detalhes do produto:
  • Autor: Anne Rooney
  • Editora: M. Books
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 216 páginas
  • Dimensões: 23,8 x 17,0 x 1,6 cm

5. Uma história da simetria na Matemática - Ian Stewart

Uma história da simetria na Matemática - Ian Stewart
O divulgador da ciência Ian Stewart conta de modo simples e atraente como uma sucessão de matemáticos e físicos, à procura de soluções para equações algébricas, acabou por construir uma teoria que revolucionou nossa visão sobre o Universo. Stewart constrói uma linha do tempo que vai da antiga Babilônia à física do século XXI.

Um caminho cheio de histórias de matemáticos e suas buscas, como a de Girolamo Cardano, vigarista italiano que roubou o método para solucionar as equações cúbicas e publicou o primeiro livro importante de álgebra. E Evariste Galois, revolucionário francês que morreu aos 21 anos, num duelo por causa de uma mulher, deixando inédita a teoria dos grupos, que viria a remodelar o modo de calcular a simetria.

Um livro que nos revela, sobretudo, que a história da matemática depende das descobertas produzidas por pensadores persistentes e inconformados.
Clique para ser redirecionado ao site da Amazon e veja mais sobre o livro Uma História da Simetria de Ian Stewart
Detalhes do produto:
  • Autor: Ian Stewart
  • Editora: Zahar
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 348 páginas
  • Dimensões: 22,8 x 16,2 x 2,0 cm


6. A Fascinante História da Matemática

a-fascinante-historia-da-matematica- Mickael-Launay
Em A Fascinante História da Matemática, o jovem prodígio da matemática Mickaël Launay mostra que todo mundo gosta de matemática. O problema é que quase ninguém sabe disso.

Nos tempos pré-históricos a matemática nasceu para ser útil. Os números serviam para contar os carneiros do rebanho. Com a geometria, era possível medir campos e traçar estradas. A história poderia parar por aí, mas ao longo dos séculos o Homo sapiens admirou-se ao descobrir os caminhos sinuosos dessa ciência às vezes abstrata. Evidentemente, a história da matemática foi escrita por homens e mulheres de espantosa genialidade, mas não se engane: as verdadeiras heroínas desse “grande romance” são as ideias.

As pequenas ideias que vão germinando no fundo do cérebro propagam-se de um século a outro, de um continente a outro, amplificam-se, desenvolvem-se e nos revelam, quase sem querermos, um mundo de prodigiosa riqueza. Você vai descobrir que a matemática é bonita, poética, surpreendente, prazerosa e cativante. O número $\pi$é fascinante. A sequência de Fibonacci e o número de ouro nos conduzem a pistas inesperadas. As equações nos lançam desafios, e o infinitamente pequeno vem atiçar deliciosamente nossa inteligência com seus paradoxos.

Se você nunca entendeu matemática, se chegou até a detestá-la, o que acha de dar a ela uma segunda chance? Você poderá ter uma grande surpresa ao ler A Fascinante História da Matemática.
Clique para ser redirecionado ao site da Amazon e veja mais sobre o livro  A Fascinante História da Matemática - Mickaël Launay
Detalhes do produto:
  • Autor: Mickaël Launay
  • Editora: Difel
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 264 páginas
  • Dimensões: 22,8 x 15,2 x 2,0 cm


7. Introdução à História da Matemática - Howard Eves

introducao-a-historia-da-matematica-howrd-eves
Além da narrativa histórica, que abarca a história da matemática desde a Antiguidade até os tempos modernos, o livro adota recursos pedagógicos, como exercícios ao fim de cada capítulo. Alguns capítulos são introduzidos por panoramas culturais da época abordada. Pode ser utilizado por estudantes de graduação e pós-graduação e professores do ensino médio e superior, tanto de matemática quanto de história ou educação.

Detalhes do produto:
  • Autor: Howard Eves
  • Editora: Unicamp
  • Idioma: Português
  • Capa comum: 844 páginas
  • Dimensões: 26,0 x 18,0 cm

Livraria O Baricentro da Mente

A Livraria O Baricentro da Menteé um agregador de links que apontam para o site da Amazon. São livros de Matemática, Física, Astronomia e de Ciências em geral que recomendo, pois acredito que possa ser útil a você, Leitor.

Para cada compra realizada através dos links disponibilizados, a Amazon repassa uma pequena comissão, mas que me ajuda a manter a Livraria e o Blog O Baricentro da Mente.

Qual o valor de $(-1)^\pi$?

$
0
0
qual o valor de (-1)^π? Quanto vale (-1)^pi? Qual o valor de (-1) elevado a pi?

Vamos iniciar relembrando a identidade de Euler:
$$
e^{i\pi} = \cos(\theta) + i\ \text{sen}(\theta) \tag{1}
$$
Se fizermos $\theta = \pi$, obteremos:
$$
e^{i\ \pi} = \cos(\pi) + i\ \text{sen}(\pi) \tag{2}
$$
Como $\cos(\pi)=-1$ e $\text{sen}(\pi)=0$, chegamos a:
$$
e^{i\ \pi} = -1 \tag{3}
$$
Para entender como se chega a esse resultado, leia o artigo: Demonstração da Identidade de Euler.

Reescrevemos $(3)$ como:
$$
-1 = e^{i\ \pi} \tag{4}
$$
Elevando ambos os membro à potência $\pi$:
$$
(-1)^\pi = \left(e^{i\ \pi}\right)^\pi \tag{5}
$$
Obtendo:
$$
(-1)^\pi = e^{i\ \pi^2} \tag{6}
$$
No entanto, se substituírmos o valor de $\theta$ po $\pi^2$ na relação $(1)$, obteremos:
$$
e^{i\ \pi^2} = \cos\Big(\pi^2 \Big) + i\ \text{sen}\Big(\pi^2 \Big) \tag{7}
$$
Substituindo $(7)$ na relação $(6)$:
$$
(-1)^\pi = \cos\Big(\pi^2\Big) + i\ \text{sen}\Big(\pi^2\Big) \tag{8}
$$
Numericamente, teremos:
$$
(-1)^\pi \approx -0,9027 - (0,4303)\ i
$$

Veja mais:

Os irmãos Jacques e Jean Bernoulli

$
0
0
os irmãos jacques bernoulli e jean bernoulli jakob bernoulli johann bernoulli familia bernoulli

Os Bernoulli são sem dúvida a saga familiar mais famosa da história da matemática, estando alguns dos seus membros entre os grandes matemáticos do último terço do século XVII e de todo o século XVIII. Os fundadores da saga foram os irmãos Jacques e Jean Bernoulli.

Importantes campos novos da matemática, como o Cálculo, a Geometria Analítica e a Teoria das Probabilidades, despontaram em sua forma moderna no século XVII. Mas, obviamente, considerando inclusive o estágio da matemática na época, tudo acontecia sem uma fundamentação lógica consistente. Explorar as potencialidades desses campos e fundamentá-los seria uma tarefa longa. E já no século XVII o trabalho de explorar esses campos visando desenvolvê-los e buscar aplicações para eles inicia-se revelando nomes de grande talento matemático, como os irmãos Jacques (Jakob) Bernoulli (1654-1705) e Jean  (Johann) Bernoulli (1667-1748), da Basileia, na Suíça.

A família Bernoulli pertencia à burguesia comercial da Basileia, onde se fixara, vinda em fuga da Antuérpia no final do século XVI, após esta cidade ter sido conquistada pela Espanha católica (os Bernoulli eram huguenotes). Cerca de meio século depois, por alguma mutação difícil de explicar, a família começou a produzir cientistas (não sem decepcionar alguns patriarcas) de maneira talvez inédita na história da humanidade. Só matemáticos, até a primeira metade do século XIX, contam-se nada menos que treze membros da família. Mas possivelmente nenhum tenha superado em brilho os irmãos Jacques e Jean.

Ambos os irmãos se bandearam para a matemática, deixando outros interesses e outras carreiras, quando começaram a aparecer na Acta eruditorum os artigos de Leibniz . Eles estavam entre os primeiros mate­máticos que perceberam a potência espantosa do cálculo e que aplicaram esse instru­mento a uma gama ampla de problemas.
arvore-genealogia-dos-matematicos-da-familia-bernoulli
Jacques Bernoulli graduou-se em teologia em 1676 na Universidade da Basileia, atendendo aos desejos do pai. Os seus próprios desejos aparecem no lema que posteriormente adotou: "Invito patre sidera verso" (Estudo as estrelas contra a vontade de meu pai).

Assim, entende-se por que desde os tempos de estudante dedicava o melhor de seu tempo à matemática e à astronomia. De 1676 a 1682 percorre França, Inglaterra e Holanda para se atualizar cientificamente e na volta à Basileia funda uma escola de matemática e ciência. Cinco anos depois assumiu a cadeira de Matemática da Universidade local, onde ficou até à morte.

No que se refere ao Cálculo, Jacques o estudou na forma idealizada por Leibniz, sendo aliás um dos primeiros matemáticos a dominar os artigos em que este lançou as bases de suas ideias sobre o assunto. Ao contrário de Newton, Leibniz era aberto à troca de informações científicas, com o que conseguiu muitos seguidores e correspondentes, entre os quais Jacques.

$\rightarrow$ Leia o artigo: O método das fluxões de Newton

Dentre as múltiplas contribuições de Jacques à matemática, talvez a que o tenha tornado mais conhecido seja seu livro Ars conjectandi (A arte de conjecturar) no qual trabalhou cerca de 20 anos (sem completá-lo totalmente) e que só foi publicado após sua morte (em 1713). Trata-se da primeira obra substancial sobre a teoria das probabilidades.

O Ars conjectandi está dividido em quatro partes. Na primeira reproduz a breve introdução de Huygens ao assunto. A segunda é um apanhado geral dos resultados básicos sobre permutações e combinações. Nela figura inclusive a primeira demonstração correta (por indução) do teorema binomial para expoentes inteiros positivos. A terceira apresenta 24 problemas sobre jogos de azar muito populares na época. A última termina com o célebre "teorema de Bernoulli" ou "Lei dos grandes números" (Jacques não viveu para incluir nela as aplicações à economia e à política que tinha em vista).

Entre as contribuições de Jacques Bernoullià matemática figuram o uso das coordenadas polares (talvez pela primeira vez), a dedução (em coordenadas retangulares e polares) da fórmula do raio de curvatura de uma curva plana, o estudo da catenária (com extensões para fios de densidade variável e fios sob a ação de uma força central), o estudo de muitas outras curvas planas superiores, a descober­ta da chamada isócrona (ou curva ao longo da qual um corpo cairá com velocidade vertical uniforme), a determinação da forma assumida por uma haste elástica presa por uma das extremidades e suportando um peso na outra, a determinação da forma assumida por uma lâmina retangular flexível com duas bordas opostas mantidas presas horizontal­mente e carregada de um líquido pesado e a forma de uma vela retangular enfunada pelo vento. Ele também propôs e discutiu o problema das figuras isoperimétricas (caminhos planos fechados de uma dada espécie e perímetro fixo que abarcam uma área máxima) e, com isso, foi um dos primeiros matemáticos a trabalhar no cálculo de variações.

Foi também um dos primeiros a se ocupar da probabili­dade matemática. Várias coisas em matemática têm hoje o nome de Jaques Bernoulli, entre elas estão: A distribuição de Bernoulli e o teorema de Bernoulli da estatística e da teoria das probabilidades; A equação de Bernoulli, de um primeiro curso de equações diferenciais; Os números de Bernoulli e os polinômios de Bernoulli de interesse da teoria dos números; A lemniscata de Bernoulli, que aparecem nos cursos iniciais de cálculo.

Na resolução de Jacques Bernoulli do problema da curva isócrona, publicada na Acta eruditorum em 1690, encontra-se pela primeira vez a palavra integral com um sentido ligado ao cálculo. Leibniz havia chamado o cálculo integral de calculus summatorius. Em 1696 Leibniz e Jean Bernoulli acordaram em chamá-lo de calculus integralis. Causava forte impressão em Jacques a maneira como a espiral equiangular (spira mirabilis) se reproduzia em si mesma quando submeti­da a várias transformações e pediu, imitando Arquimedes, que essa curva fosse gravada em seu túmulo com a inscrição “Eadem mutata resurgo” (“Embora transformada, reapareço igual”).

Jean Bernoulli, segundo os planos de seu pai, deveria sucedê-lo à testa dos negócios da família. Contudo, sem vocação comercial, conseguiu dissuadir o velho de suas intenções concordando em fazer medicina. Mas, simultaneamente, era orientado pelo irmão para o caminho que aspirava trilhar – o da matemática e das ciências físicas. Tanto quanto Jacques, logo dominou os métodos do cálculo de Leibniz, tornando-se um dos maiores expoentes e divulgadores do assunto em sua época. Após 10 anos como professor de Matemática da Universidade de Groningen (Holanda), em 1705 sucedeu o falecido irmão na Universidade da Basileia, onde também ficou até à morte.

Um episódio que marcou a vida de Jean foi seu relacionamento com o Marquês de L'Hospital (1661-1704). Este nobre francês, desejando dominar o Cálculo, então uma novidade científica, contratou para tanto os serviços de Jean, o qual, sabe-se lá por que, concordou até com o que o Marquês usasse como lhe aprouvesse as descobertas que fazia e que a ele comunicava. E em 1696 L'Hospital lançou o livro Analyse des infinement petits, o primeiro texto de Cálculo a ser publicado, não sem agradecimentos especiais, embora genéricos, ao "jovem professor de Groningen". O livro teve muito sucesso, o que chegou a envaidecer Jean. Mas este, após a morte do autor, passou a reivindicar a paternidade de boa parte do conteúdo do livro – tudo indica que com razão. Por exemplo, o teorema sobre limites de quocientes, conhecido como método de determinação da forma indeterminada $0/0$, conhecido hoje como regra de L'Hospital, muito provavelmente é de Jean Bernoulli.

Jean Bernoulli contribuiu para a matemática mais ainda do que seu irmão Jacques, sendo um dos professores mais inspirados de seu tempo. Enriqueceu grandemente o cálculo desepenhando um papel destacado na divulgação das potencialidades desse novo campo de estudo na Europa; Escreveu sobre múltiplos tópicos, como fenômenos ópticos relacionados com reflexões e refrações. determinações de trajetórias ortogonais de uma família de curvas, retificação de curvas e qudratura de áreas por meios de séries, trigonometria analítica, cálculo exponencial e muitos outros assuntos.

A matemática, que foi um elo de ligação a mais entre os irmãos Jacques e Jean, acabou por estremecer as relações entre ambos, dado o zelo com que se empenhavam em suas pesquisas.  O pivô da desavença entre ambos pode ter sido o problema da braquistócrona (nome derivado das palavras gregas menor e tempo) com que a certa altura Jean desafiou a comunidade matemática do mundo.

$\rightarrow$ Leia o artigo: Christiaan Huygens e o relógio de pêndulo

O problema consistia em determinar a curva de descida no menor espaço de tempo possível de uma partícula dados dois pontos $A$ e $B$, com alturas diferentes, em um plano vertical, sob a ação da gravidade. A solução do problema é o arco (único) da cicloide invertida unindo $A$ com $B$. A cicloide é a curva descrita por um ponto $P$ de uma circunferência que roda sem deslizar sobre uma reta:
cicloide-e-a-cicloide-invertida-problema-da-braquistocrona
Somente cinco matemáticos da época chegaram a essa resposta acertadamente: Newton, Leibniz, L'Hospital e os irmãos Bernoulli. Segundo algumas versões, a resolução inicial de Jean não era satisfatória, o que o teria levado a tentar usar, de alguma maneira, a do irmão. Daí talvez o atrito. Mas supostamente uma outra solução obtida por ele, além de original, tinha um alcance maior que a de Jacques, sendo considerada, inclusive, o ponto de partida de um novo ramo da matemática: o cálculo de variações.

Referências:

  • Fundamentos de Matemática Elementar V5 - Combinatória e Probabilidade - Samuel Hazzan
  • Introdução à História da Matemática - Howard Eves

Veja mais:

Viewing all 441 articles
Browse latest View live